tag:blogger.com,1999:blog-89424522206230094792024-03-05T20:08:51.016-03:00benedicto jenipapoMemórias e histórias de cozinha.Dicas e o "pulo do gato".
Receitas de família e receitas favoritas.
Breves considerações gastronômicas sobre o mundo que me cerca.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-81186342635562006632016-11-15T14:15:00.002-02:002016-11-16T23:08:17.232-02:00SUPER LUA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9hcVdUqyaAL7SuqTZLKten-17BLU44iksRdC8ufI_Zq5iPpygf36k7Ln81qj06rXckf63c5G26ogNJHzktXLK7xGdHc6GbQmBKqFWeDwGJl8W-lJzwCR7SMdmnkYDD9MQQ48dkJ2wEhzr/s1600/IMG_7312.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9hcVdUqyaAL7SuqTZLKten-17BLU44iksRdC8ufI_Zq5iPpygf36k7Ln81qj06rXckf63c5G26ogNJHzktXLK7xGdHc6GbQmBKqFWeDwGJl8W-lJzwCR7SMdmnkYDD9MQQ48dkJ2wEhzr/s320/IMG_7312.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
Super Lua</div>
<br />
Foi assim. Depois de muitos anos, do nada, se esbarraram na rua.<br />
Ambos se assustaram. Entreolharam-se um tanto quanto ressabiados. Tanto tempo...<br />
O fim havia sido triste. Depois de tanto tempo...<br />
Foram anos de um amor alegre entre ambos. Um dia, não se lembravam quando, nem porque, o vento mudou de direção e começou a afastar um do outro, até que se perderam.<br />
Cumprimentaram-se meio sem graça, com uma certa ansiedade.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Como vai você?<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Vou bem...<br />
Haviam envelhecido. Os rostos mais marcados, uma ponta de tristeza e resignação nos olhares, as costas mais encurvadas, menos brilho nos sorrisos apagados.<br />
Por que foi que haviam terminado? Ambos ainda buscavam a resposta.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Há quanto tempo...<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Pois é...<br />
Mas estava lá. Perdido lá no fundo do baú de lembranças, o antigo amor que existira.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Nunca me esqueci de você.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Nem eu.<br />
As lembranças aprisionadas aproveitaram então o momento de descuido para se soltarem, e dançavam loucamente na mente de ambos, como que debochando das suas fracas tentativas de as manterem trancadas por tanto tempo...<br />
Entre tantas, houvera uma noite, em que houvera uma lua. Era tão linda, brilhante, a mais bela que haviam visto. Seu reflexo no mar parecia ouro puro. A noite fora mágica. Calados, admiraram aquele espetáculo que lhes fora oferecido pela natureza, abismados diante de tanta beleza e da sorte de viverem juntos aquele momento.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Você se lembra daquela lua?<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Como poderia esquecer? Parecia um filme do Spielberg.<br />
Nunca mais, em todas as luas cheias que iluminaram este mundo, houve outra como aquela.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Vamos nos encontrar.<br />
-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Vamos. Na próxima lua cheia. Na próxima semana. No mesmo lugar em que vimos aquela outra.<br />
E tão atarantados ficaram com esse encontro, que se despediram como se tivessem se visto no dia anterior e se esqueceram de perguntar o paradeiro do outro, do qual propositalmente fizeram questão de perder a conta.<br />
Foi no dia seguinte que descobriram que aquela seria uma lua especial. A Super Lua. A maior no espaço de cem anos.<br />
Ela pensou. Seria um pressagio? Um sinal divino, esse encontro do nada, às vésperas da Lua Cheia, que marcara tão profundamente a vida de ambos. E a memória do dia mais feliz de sua vida voltou sob a forma de uma dor aguda.<br />
Ele pensou. Será que levo um espumante? Champagne, com certeza. Nada abaixo, para celebrar o reencontro de seu mais antigo amor.<br />
Ela pensou. Devo ir? Remexer o passado que lhe fora tão triste. Não seria reabrir feridas que custaram tanto a cicatrizar...<br />
Ele pensou. Será que teremos uma nova chance? A vida lhe oferecia uma oportunidade ou uma nova decepção?<br />
À medida que se aproximava o dia, ficaram mais aflitos, sem respostas para suas questões, até que resolveram, cada um por sua conta, deixar nas mãos do destino.<br />
No dia choveu. De suas janelas, desolados observavam o céu e suas lágrimas se juntaram às gotas da chuva que caia sem parar. E o encontro marcado entre eles e a lua não houve. Ambos se deixaram levar pela amargura e o medo, e não compareceram. Não se deram conta que acima das nuvens escuras do ressentimento e da tristeza lá estava ela, pacientemente esperando por eles. Sempre.<br />
Linda, eterna, brilhante e serena. A lua.<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-11435677088094600802016-10-01T15:46:00.002-03:002016-10-01T15:46:55.606-03:00TEMPO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTQJyGeQeSNlY7GAHvvKBslp2wZDS52AUt8NhMRCFEJzTEmA_N_e3m91wjNAE9XKlhp8KKGA7ZImcQxhUfrduKUa2bMqnYSzST03TG_08abHNp_7Q9VcQB3Z9RE76HSLChYkCN4X61l6mc/s1600/TEMPO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTQJyGeQeSNlY7GAHvvKBslp2wZDS52AUt8NhMRCFEJzTEmA_N_e3m91wjNAE9XKlhp8KKGA7ZImcQxhUfrduKUa2bMqnYSzST03TG_08abHNp_7Q9VcQB3Z9RE76HSLChYkCN4X61l6mc/s320/TEMPO.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
O tempo é o maior presente que a vida nos dá. Esta, no entanto, não nos entrega de maneira arrumadinha, ordenada. Ao contrário, maliciosamente, ela nos atira na cara, aos borbotões, de forma errática, o que nos leva a acreditar que é infinito.<br />
E este desgoverno faz a gente viver dias que não acabam nunca e outros que passam num piscar de olhos. Horas que passam num instante, minutos que se arrastam por horas, segundos que parecem uma eternidade e os anos que passam tão rápido como areia que escorre entre nossos dedos. <br />
E não há controle sobre o tempo. Estamos a mercê de seus caprichos, sem saber jamais se o estamos aproveitando ou apenas desperdiçando.<br />
Nesta semana, ao completar mais um ano de vida, faço a ela, como nos últimos tempos, apenas um pedido: eu quero tempo.<br />
Não preciso deste para corrigir erros passados, pois estes já foram cometidos e lá no passado permanecerão. Tampouco para me arrepender do que passou.<br />
Preciso de tempo para andar por novas estradas, novos rumos. Para conhecer novas pessoas. Para viajar e conhecer todos os lugares com os quais sonhei. Para por os pés em todos os continentes.<br />
Preciso de tempo para voltar a um certo bar em Nova York, me sentar no balcão, tomar um copo de vinho branco Sancerre e conversar com o cara ao lado, de cujo nome provavelmente não me lembrarei, e que, por duas horas será o meu melhor e mais sincero amigo e confidente.<br />
Preciso de tempo para ver de novo uma lua cheia que parece de filme do Spielberg.<br />
Para ver a Aurora Boreal, visitar a ilha de Skye na Escócia, . Para passar um verão em Porto Fino. Para passar um bom tempo em Portugal. Para voltar a Goiás e passar férias na Chácara do Padre. Para catar manga madura e molhar os pés na beira de um riacho.<br />
Quero tempo para passar uma tarde numa praia de areia quentinha, de mar morno e sem ondas, como as da Bahia, tomar uma caipirinha e comer peixe fresco. Para dormir e acordar sem ter hora, e sair às quatro da manhã para ir a uma festa que nunca acaba.<br />
Preciso de tempo para comprar um vestido vermelho de saia rodada e sandálias pretas de salto alto, para usar numa ocasião muito especial.<br />
Preciso de tempo para provar novos vinhos e para – sim, porque não? – viver um novo grande amor, pois todo amor deve ser grande, sem ser para sempre, pois é tão passageiro quanto a própria vida.<br />
Preciso de tempo para coisas mais prosaicas. Para ver o final de todas as minhas séries favoritas na Netflix, para ler todos os livros que se empilham na minha cabeceira e nas prateleiras das livrarias.<br />
Para acabar de escrever o meu próprio livro de memórias, mesmo que jamais o publique, ou que alguém o leia.<br />
Para ouvir de novo todas as minhas músicas favoritas, dançar junto em algumas e loucamente em outras.<br />
Para rever amigos antigos e conviver com os de sempre, para experimentar todas as receitas que tenho na minha cabeça, para rir o máximo que puder até a barriga doer, para perdoar e esquecer as mágoas passadas.<br />
Finalmente, preciso de tempo para ver meus filhos, netos, bisnetos e, quem sabe, tataranetos, permanecerem e prosperarem sobre esta terra.<br />
E é só o que peço. Tempo.<br />
Pois, por mais longa que nos pareça esta vida, no final ela é sempre muito curta.<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-80017363195784298062016-05-30T22:19:00.000-03:002016-05-30T22:20:23.961-03:00REFLEXOS E REFLEXÕES<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNHzVikTSAyoYIx1nlv4mCLF-MX1bUVYLnm1rcMpPpRv8l3bPQMtqWDZ0VIGDnty99_ntPCoaOJCxA6J1B29Ya-_bvY4p0H3HFQuXmGjvZknaQNygojf1DbAOBDTeHuuqVGaozE4nc3-Qz/s1600/reflexos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNHzVikTSAyoYIx1nlv4mCLF-MX1bUVYLnm1rcMpPpRv8l3bPQMtqWDZ0VIGDnty99_ntPCoaOJCxA6J1B29Ya-_bvY4p0H3HFQuXmGjvZknaQNygojf1DbAOBDTeHuuqVGaozE4nc3-Qz/s200/reflexos.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Reflexos e Reflexões</div>
<div style="text-align: center;">
( ou seria o contrário?)</div>
Naquele dia, assim como em todos os anteriores de sua vida, até onde sua memória podia alcançar, ela se levantou e se olhou no espelho. E, de repente, lá do outro lado, estava a imagem de uma mulher madura, a fitá-la com olhos sonolentos.<br />
Ela se assustou. Para onde fora aquela jovem de pele lisa, de olhar distraído e entusiasmado, sempre voltado para o amanhã, de risos ou caretas ( dependia do humor), com sobrancelhas arqueadas inquisitivamente, como a questionar eternamente o futuro.<br />
Cuidadosamente, ela começou a estudar a estranha do outro lado do espelho. A pele ainda era lisa e mantinha uma certa firmeza. As maçãs do rosto ainda eram marcantes. As sobrancelhas ainda inquisitivamente arqueadas. Mas todo o resto era diferente.<br />
O olhar, outrora inocente e inquieto, por vezes tímido ou velado, tornara-se mais firme, determinado. Havia uma ponta de tristeza e resignação, onde antigamente houvera alegria e paixão. Por outro lado, a timidez dera lugar à confiança e este olhar permanecia firme e direto sem tremer ou abaixar as pálpebras. Lá estavam a tolerância ao invés da indignação, e a compreensão no lugar da crítica.<br />
Em volta dos olhos, linhas tênues e outras mais profundas eram as marcas dos risos e dos choros, sulcos deixados pelas lágrimas escorridas e pelas gargalhadas desmedidas.<br />
O nariz, antes atrevido e arrebitado, ainda mantinha sua altivez, porém não mais espevitado, mas o trejeito inconsciente de empiná-lo ligeiramente sempre que algo lhe desagradava... Ah! Hábitos antigos são arraigados...<br />
Ela se deteve por alguns instantes a examinar mais detalhadamente a boca. Esta já não tinha o frescor da primeira juventude, mas ainda era macia e rosada. Mas os lábios que antes se curvavam ligeiramente para cima, num sorriso maroto, comprimiam-se involuntariamente, conferindo austeridade onde antes reinava a brincadeira. Das antigas covinhas ainda havia um resquício, e em seu lugar estavam lá, é claro, as linhas das preocupações, da amargura, das risadas, dos suspiros, das caretas, das dores e das alegrias.<br />
Ela deu um leve sorriso, e a mulher no espelho também sorriu. Ela reparou que a fisionomia suavizara e que a mulher pareceu rejuvenescer, o que lhe causou um certo alívio.<br />
Diante de si estava um rosto onde o tempo gravara indelevelmente todos os momentos vividos e os sentimentos sentidos. Em cada linha, em cada marca, um fragmento de sua vida, de sua história. De repente, ela pensou que ainda havia muitos sorrisos a serem sorridos e, fatalmente, lágrimas a serem derramadas.<br />
Ela suspirou. E tornou a suspirar. E deu de ombros. Escovou os dentes enquanto fazia as pazes com o tempo e com a mulher do espelho, seu reflexo. Depois foi cuidar da vida.<br />
<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-53041337272079591112016-04-22T15:10:00.002-03:002016-05-26T12:38:16.323-03:00A CAPA DOURADA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRWPj0tbFUWjs0Z9nZa1XcVu1NRkYNDXpH-9lmEqztIEtxHqOtZW-AQbeOzeWYUBKd7VGrcPlzj9-Rf2GIxXjZjzYNKqDa7C3OtPT2I2_8G-W9OreFjusTkDHo7IyPoxtX1ctrW3XGcvL/s1600/capa+dourada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRWPj0tbFUWjs0Z9nZa1XcVu1NRkYNDXpH-9lmEqztIEtxHqOtZW-AQbeOzeWYUBKd7VGrcPlzj9-Rf2GIxXjZjzYNKqDa7C3OtPT2I2_8G-W9OreFjusTkDHo7IyPoxtX1ctrW3XGcvL/s320/capa+dourada.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
A Capa Dourada</div>
<div style="text-align: center;">
Uma pequena fábula sobre a vida</div>
<br />
Era uma vez um rapaz vaidoso, que usava com garbo uma bela capa brilhante e dourada, com a qual encantava a todos.<br />
Um belo dia, o rapaz encontrou a Uma, moça graciosa e faceira, pela qual se apaixonou. Uma, por sua vez, se encantou com o rapaz , que com tanto garbo portava a bela capa, e por ele também se apaixonou.<br />
E Uma se tornou a Única. E o rapaz e ela se tornaram Um. Ambos ouviam as mesmas músicas, sonhavam os mesmos sonhos, sofriam as mesmas aflições, e viviam um para o outro, um pelo outro.<br />
Por anos, a Uma deu de comer ao rapaz o alimento do espírito, e este, em troca, lhe deu de beber seus ensinamentos.. Por anos trilharam juntos os caminhos da vida, subiram montanhas e percorreram vales, o rapaz com sua bela capa, a encantar a todos, e a Uma a admirá-lo. E assim, o tempo se passou.<br />
Certa feita, no entanto, o rapaz se descuidou, e a Uma o viu, pela primeira vez, sem a capa. Ela estremeceu. Naquele momento, a Uma descobriu a verdade terrível. Havia se apaixonado pela capa brilhante, e não pelo homem que garbosamente a portava.<br />
O rapaz, pego desprevenido, se assustou e logo se cobriu com esta. Mas o mal havia sido feito. Seu segredo fora descoberto.<br />
Uma , de sua parte, embora houvesse vislumbrado a verdade e perdido o encanto e admiração, ainda queria bem ao rapaz e por conta de tantos anos de amor e companhia, continuou a alimentá-lo e a seguir o caminho traçado por ambos.<br />
Mas o rapaz não conseguia esquecer. Ferido profundamente em sua vaidade, mortificava-se a cada dia em que convivia com Uma. Já não conseguia mais dormir. Passava as noites acordado, remoendo o fato de que alguém havia o vislumbrado de verdade, desprovido do encanto da capa. O medo lhe corroía as entranhas. E se o mundo souber? E se Uma contar a todos? Passou a vigiá-la e a olhava com ódio, pois esta havia descoberto o que tanto se empenhara em esconder.<br />
Após tantos anos vendo o mundo através do véu de sua capa, o rapaz não conseguiu enxergar a realidade. A Uma jamais revelaria seu segredo, pois este não lhe pertencia.<br />
O rapaz começou, então, a procurar uma saída para a sua agonia. E encontrou a Outra. Esta, nem tão graciosa, nem bonita nem feia ( e, no entanto, ele lhe acenou), se encantou pela capa dourada e pelo rapaz que tão garbosamente a portava. E o rapaz que tinha a Uma, agora tinha a Outra. E assim foi por algum tempo. A Uma e a Outra.<br />
Um dia, não suportando mais a situação, ele fugiu. Enquanto a Uma dormia, na madrugada, ele se levantou devagarinho e saiu pela porta dos fundos, que deixou entreaberta, para não fazer barulho.<br />
O rapaz tinha a Uma mas preferiu a Outra, pois a Uma o vira como ele realmente era, enquanto que a Outra o via da forma como ele queria ser visto.<br />
E lá se foi ele, vida afora, arrastando a garbosa capa dourada e a Outra. Não se alimentava mais, pois a Uma já não lhe alimentava o espírito. Já não dava mais o que beber, pois a Outra não lhe sorvia os ensinamentos. Eventualmente, ainda olha disfarçadamente para trás. À procura de Uma? Esta seguira seu caminho e já não poderia mais ser vista.<br />
Mas o Tempo cruel não perdoa. A capa já não é tão brilhante e seu tecido, outrora macio, a cada dia se esgarça e se torna mais áspero.<br />
Secretamente ele remenda os buracos, e a coloca sob o sol. E gasta mais e mais horas a remendar, noites afora, o que o Tempo implacável se encarrega de desfazer.<br />
E, a cada dia, mais atormentado, refugia-se na ilusão de que, apesar de tudo, sempre haverá um último remendo a ser feito.<br />
No entanto, um dia a capa dourada vai parar de brilhar. O que será então do rapaz? E da Outra?<br />
<br />
Em tempo: Uma? Esta descobrira que não pertencia às Estirpes condenadas a Cem Anos de Solidão e conseguiu uma segunda chance nesta terra...<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-28776758984886053912016-04-05T18:18:00.001-03:002016-04-05T18:18:23.528-03:00O encontro e os desencontros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9HGxHix4qvAvwdS4IzZrxnWU-OL9suRLJqg5gl0lQ1ErRvLj_SAYCH0KUSXZnX8MH1n2Q7kISdR3kCuQCMrgRb2z_Ia0EwoXutTY-fN7jqO0IhM9Mf_ETUgcuW-PFPoDke-DDhdehToi1/s1600/paralel2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9HGxHix4qvAvwdS4IzZrxnWU-OL9suRLJqg5gl0lQ1ErRvLj_SAYCH0KUSXZnX8MH1n2Q7kISdR3kCuQCMrgRb2z_Ia0EwoXutTY-fN7jqO0IhM9Mf_ETUgcuW-PFPoDke-DDhdehToi1/s320/paralel2.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
O Encontro e os
Desencontros<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Era um barzinho perdido em Botafogo, daqueles sem
identidade, nem feio nem bonito, apenas mais um barzinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E lá estavam eles sentados numa mesa do canto para o último
desencontro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É certo que há muitos anos atrás houve um encontro. Foi
daqueles em que duas almas se reconhecem e se encaixam como as duas últimas
peças de um quebra-cabeça e tudo passa a fazer sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E assim foi, por um longo tempo, até que um vento de fora
soprou forte e desfez a figura. As pecinhas se desencaixaram e se espalharam
por aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Veio então a época dos desencontros, quando se perderam(ou
foram perdidos) o tempo, a hora, a oportunidade e o amor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E a cada encontro havia mais e mais desencontros, em que o
silêncio implacável permanecia no lugar do que deveria ser dito, ou então as
palavras desnecessárias e impacientes jorravam quando o mais sábio era guardar
para si os ditames da raiva, que corroíam como ácido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E lá estavam eles, num barzinho de Botafogo, daqueles sem
identidade, nem feio nem bonito, apenas mais um barzinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E lá estavam eles para o último desencontro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pediram uma pizza e um vinho barato, pois eram apenas
um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pretexto para lá permanecerem por
algumas horas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A pizza não tinha gosto e o vinho descia amargo. Talvez <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por sentirem dentro de si a mão da separação
iminente que lhes apertava o peito. Ou por serem meros adornos de uma cena
triste de um cotidiano qualquer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sentados, um diante do outro, pela derradeira vez, trocaram
as palavras erradas e deixaram de proferir as que realmente importavam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E, impotentes, viram os fragmentos de sua relação, cada
momento desta, vivido por eles, se desfazer e desaparecer no ar, em direção
ao<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vazio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E, pela última vez ,o silencio constrangedor se interpôs
sobre eles, como uma sentença irrevogável. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eles se levantaram e ambos foram viver suas vidas, doravante
paralelas, cada um com a vaga e secreta esperança de um dia se reencontrarem no
infinito...<o:p></o:p></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbSfEGENdinhzEPl5UFJ_k6UMcuP3snG8HDcekRWieO-Oaq8Ikhp7lrl_P-5VrkhFVBBXmMTiT04AxjgEvdjPPF85KibQK3Wb3mxytZMDeo0A-FPTNX1HBXq2po1ehKngxM_tOfBizDt9v/s1600/Sandra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbSfEGENdinhzEPl5UFJ_k6UMcuP3snG8HDcekRWieO-Oaq8Ikhp7lrl_P-5VrkhFVBBXmMTiT04AxjgEvdjPPF85KibQK3Wb3mxytZMDeo0A-FPTNX1HBXq2po1ehKngxM_tOfBizDt9v/s320/Sandra.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
A Arte De Sandra Moreyra<br />
<br />
Sandra Moreyra era uma mulher inteligente, direta, dona de um dos mais belos e francos sorrisos que conheci. Sabia se expressar como poucos. Bem articulada, viajou pelo mundo a fora, trazendo informações e cultura para aqueles que eram, como eu, seus fãs incondicionais.<br />
Apaixonada pela gastronomia, que pesquisou e que conhecia a fundo, tinha na TV Globo, no Bom Brasil, um dos quadros que certamente mais encantaram e adoçaram a boca de todos os que assistiam o programa antes de partirem para suas respectivas jornadas de trabalho. A Arte na Mesa.<br />
Conheci a Sandra em 1995, eu ainda uma aprendiz, ao fazer um quadro no programa sobre os amadores que estavam se profissionalizando. A filmagem aconteceu na escolinha de minha querida amiga Ciça Roxo e de sua prima Leonor, que pioneiramente davam aulas de culinária para os aficionados.<br />
Lembro-me da cheese cake de laranja com amoras que apresentei e de meu orgulho ao me ver nas telas de TV.<br />
No ano seguinte, na mesma escolinha a Sandra gravou um programa com um jovem chef paulista, que veio dar aulas sobre Foie Gras, pouco conhecida na época. O chef estava nervoso, pois era seu primeiro programa de televisão e cortou o dedo. Trabalhou de luvas. O nome do chef era Alex Atala.<br />
Em 1998, quando, junto com a Ciça e a Leonor montamos um ciclo de aulas com chefes conhecidos, entre eles o próprio Alex, Francesco Carli, entre outros, ela nos prestigiou.<br />
Em Fevereiro de 2001 abrimos um restaurante na Barra, o Bistrô Montagu e lá estava ela, cliente e amiga.<br />
E foi lá que fez algumas de suas belas matérias. Em 2004 fizemos um jantar harmonizado com a linha de vinhos Secretos da Viu Manent. A harmonização era feita por intermédio do ingrediente secreto que existia em cada prato, que deveria ser descoberto pelos comensais.<br />
A reportagem começava por um passeio da câmera pelo restaurante, com o fundo musical de Hitchcock.<br />
Sandra participou do jantar, é claro, e foi a mais entusiasmada em descobrir todos os ingredientes. Foi uma noite inesquecível.<br />
Outra feita, ao fazer uma reportagem sobre caviar, começamos com o mesmo sendo derramado voluptuosamente sobre ostras cozidas no vapor de seu próprio líquido. Usamos uma colherinha de madrepérola, tal e qual os Czares e a aristocracia russa se servia.<br />
Ao fazer suas reportagens, ela chegava com antecedência, com seu texto escrito e ensaiado. Tudo transcorria com uma fluidez impressionante.<br />
Seus textos eram sucintos, bem escritos e continham a maior quantidade de informações possíveis. Uma craque!<br />
Tive a oportunidade de privar de sua companhia e seu marido Rodrigo, xará do meu então marido, e lembro com muito carinho dessas tardes adoráveis em que rimos muito e ouvimos alguns de seus casos. Eram tantos.<br />
Jamais esquecerei de sua voz grave, de seu sorriso aberto, marca registrada.<br />
Foi e será um exemplo de profissionalismo, coragem, e de alegria de viver.<br />
Perdemos nós, que ficamos aqui em baixo e nos privamos de sua companhia. Ganham os lá de cima que usufruirão de sua Arte na Mesa.<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-87361088464620419102015-11-07T14:09:00.003-02:002015-11-09T15:36:23.097-02:00Abraçadinhos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Abraçadinhos</b></div>
<br />
Durante muitos anos, sempre que saia por algum motivo no fim da tarde, eu cruzava com um casal de velhinhos, perto de minha casa. Ele era alto e magro. Ela era baixinha, com belos cabelos brancos, que usava num coque. Iam tomar sorvete.<br />
Eles caminhavam sempre juntinhos, abraçados um ao outro, andando devagarinho, no ritmo plácido da velhice, de quem sabe que não adianta ter pressa para encontrar a morte.<br />
E serenos, se entreolhavam eventualmente, e conversavam sobre o tempo, sobre a vida e sobre os assuntos banais do dia a dia.<br />
Falavam baixinho e lentamente, com pausas prolongadas, pois ambos tinham todo o tempo do mundo para escutar um ao outro.<br />
Sempre me admirei ao vê-los, abraçadinhos eternamente, depois de uma vida juntos. Um amor tão antigo, provável fruto de uma paixão ardente, quando jovens. Duas almas que deram a sorte de se encontrarem.<br />
Sempre fiquei pensando sobre o que possam ter passado em sua existência em comum. Tiveram filhos? Tiveram netos? Tiveram perdas? Quem sabe?<br />
Sei que tinham um ao outro. E que os dois eram um.<br />
Quando os via, eu parava para observá-los, em seu passinho dos antigos, tão belos e tão dignos em seu amor.<br />
E um alento me aquecia a alma, ao constatar que nesse mundo tão descrente em que vivemos, de relações virtuais, efémeras, vazias, tão eventuais e erráticas, ainda havia espaço para um sentimento tão puro e verdadeiro.<br />
Nessa era de aparências, onde é mais importante mostrar aos outros como somos felizes, em vez de nos ocuparmos verdadeiramente em o sê-lo, a verdadeira felicidade é essa que passeava candidamente à minha frente.<br />
Um dia deixei de vê-los. Gosto de pensar que partiram juntos para outro lugar. Abraçadinhos e se entreolhando. Não é bonitinho?<br />
<br />
<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-34435190417084929862015-11-01T14:47:00.004-02:002015-11-02T13:02:35.226-02:00Sussurros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-t328_KsBDITMKLTm3AmEAtyHOI8Odp8gjPmRzIEd6fTC-I-yDHNH67O2ut_UwweOKOVQV_W-11OCgAwJWawFwF31-ogj8mZrW41sqEuT_-tKPowAJtxvD4BkmvQz_1hwnZgx2SuCZZ3C/s1600/casal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-t328_KsBDITMKLTm3AmEAtyHOI8Odp8gjPmRzIEd6fTC-I-yDHNH67O2ut_UwweOKOVQV_W-11OCgAwJWawFwF31-ogj8mZrW41sqEuT_-tKPowAJtxvD4BkmvQz_1hwnZgx2SuCZZ3C/s320/casal.jpg" width="319" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Sussurros</b></div>
<br />
Um bar de classe média, desses em Copacabana, frequentado pelas pessoas médias, no meio da semana, mediamente cheio. A conversa rolava amena entre os frequentadores, todos familiares, amigos ou moradores, conhecidos dos donos do estabelecimento.<br />
Como a maioria dos pequenos bares do bairro, as mesas eram pequenas e encostadas umas nas outras e, portanto, mesmo sem querer, acabamos por participar dos dramas cotidianos da vida alheia.<br />
E lá estava eu, mediamente entediada, passando o tempo, enquanto esperava por minhas companhias.<br />
Diante de mim um copo de vinho branco, ao meu lado um casal.<br />
Como já disse antes, sou uma observadora compulsivamente fascinada pelo comportamento humano, fonte infinita de inspiração para minhas modestas considerações a respeito da vida comum, que é a vida vivida por nós.<br />
De frente um para o outro, sussurravam alto seus entendimentos, os quais não se entendiam.<br />
À volta o ambiente familiar começava a se animar, certamente incentivado pelo nível etílico da clientela.<br />
E os sussurros ao meu lado também subiam de tom. As palavras eram ditas mas, ao que parece, não eram entendidas. Ouvia-se mas não se escutava o que fora dito. Triste e comum erro entre os casais - na ânsia de se fazerem entender pouco compreendem o que o outro quer falar. Os copos eram os dados, e ambos eram os peões do próprio jogo de emoções atribuladas, que jogavam com o desespero de viciados. E lá permaneceram, cada um do seu lado da mesa, tabuleiro estratégico dos sentimentos ali postos em jogo. E a cada jogada, mais e mais apostavam, sem se dar conta do quanto perdiam. Amor, desamor, amizade, angústia, medo, incompreensão, dignidade, respeito, desprezo, raiva, desespero...<br />
Não houve vencedores. Saíram ambos derrotados pela vida, que se interpôs em seus caminhos e os separou. Mas guardaram - creio e desejo a eles - ainda uma última cartada, que é a esperança, que traz consigo o remedinho mágico chamado tempo que cura tudo e faz esquecer.<br />
Meus amigos chegaram. Fizemos um brinde à vida, tão boa, tão cruel, tão doce e tão amarga. Tão inesperada, e ainda assim esperada, mas acima de tudo, a vida que temos, que merecemos(ou não) e que vivemos.<br />
Brindei com um chopp bem geladinho...<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-8894309863046232242015-10-02T16:39:00.000-03:002015-10-02T16:39:42.601-03:00A Tela Branca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkAvtGvSz5s6HDbssb3dSzdO13djZCfdR97rpbsgLCehr_vRRbi7Bbi0bYVg6dUiDzbv6N3SzWqhkv_QY5UzTWYdVUJSh__zG0QAsTFCVPKIce7yhcIXkEDrRzM4PsHA7jPcMwLCcGuXVY/s1600/tela+branca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkAvtGvSz5s6HDbssb3dSzdO13djZCfdR97rpbsgLCehr_vRRbi7Bbi0bYVg6dUiDzbv6N3SzWqhkv_QY5UzTWYdVUJSh__zG0QAsTFCVPKIce7yhcIXkEDrRzM4PsHA7jPcMwLCcGuXVY/s320/tela+branca.jpg" width="301" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
A Tela Branca</div>
<br />
Diante de mim a tela branca me desafia.<br />
- “Vamos ver! Mostre ao que veio!”<br />
Dentro de minha cabeça milhares de ideias se engalfinham pelo privilégio de ser a primeira a ser gravada na tela branca.<br />
Fecho os olhos e ouço o Concerto de Brandenburgo no. 3 em meus fones de ouvido. A música me acalma e estimula ao mesmo tempo. Eu presto atenção nas belas frases musicais. Os instrumentos choram, riem, conversam entre si, todos falando ao mesmo tempo, numa harmonia quase dolorosa.<br />
Diante de mim as ideias dançam frenéticas, numa tentativa infrutífera de se organizarem.<br />
Abro os olhos e diante de mim está a tela branca. Pouso os dedos no teclado, os quais levemente estremecem. O coração acelera e se aperta na antecipação de mais um processo sofrido de apaziguar os pensamentos indóceis.<br />
Meus dedos não se movem.<br />
Nesse momento, presa, imobilizada, sinto-me uma mensageira que perdeu o rumo e que esqueceu o seu destino.<br />
Com o coração no passado, a mente no futuro, cá estou eu no presente, diante de uma tela branca, dividida entre buscar respostas no que passou, ou alternativas no que virá.<br />
A tela branca me fita, debochando de minha capacidade de marcá-la de forma indelével e irreversível com as minhas impressões desordenadas.<br />
O coração aperta mais um pouco, num laço que não vai se desfazer enquanto a tela branca não for apaziguada.<br />
Eu suspiro e começo a escrever sem pensar, como num transe, como se uma terceira pessoa tivesse tomado minhas mãos e estivesse fazendo uso delas sem me pedir licença.<br />
As Suites para Cello de Bach tomam o lugar do Concerto De Brandenburgo. A música agora é um lamento, ora pungente, ora insistente, que é como um lembrete de que não posso abandonar meus pensamentos, que sou a criadora e a responsável por minhas ideias indisciplinadas.<br />
E estas não me respeitam. E me atormentam nas horas mais improváveis. Por outro lado e no entanto, elas me acalentam e me servem de companhia em noites insones, quando me levanto para arrumá-las na tela branca, onde se aquietam e me trazem o alívio e a paz tão desejados.<br />
E eu as olho e as releio infinitas vezes, o preto no branco, sem nuanças de cinza para aplacar ou suavizar as dores, as paixões e os pensamentos ali expostos, de forma quase indecente. Minha alma desnudada sem o véu das dissimulações.<br />
E uma sensação paradoxal se abate sobre mim. De vergonha e de libertação, por me haver exposto de forma absoluta e inconsequente.<br />
Diante de mim a tela branca. Agora, marcada pelos meus sentimentos e ideias, torna-se o meu legado. Pois o que fica para sempre é o que pensamos e que transmitimos aos outros, sejam nossas dores, nossas alegrias, nossas experiências, nossas ideias, nossos pensamentos, cada um deles um fragmento ínfimo do conhecimento humano.<br />
Diante de mim a tela a tela branca. O meu maior alento e consolo. O meu maior desafio.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-24362671761011815192015-09-24T12:42:00.004-03:002015-09-24T12:56:46.953-03:00OLHARES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWAadUB2osLksiua1xRxbIGFLDCeuG03EUKDAvjlu-tprYq_4pKlnhv48CCkYTMIa0DwM-Jjt91DwkZfWDQ2baLhOmMnSYuHShQ_zgYrPDxb6_WBVPCxpXp8c2ahlTCT1nS-x6aWjzph2Y/s1600/olhares.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWAadUB2osLksiua1xRxbIGFLDCeuG03EUKDAvjlu-tprYq_4pKlnhv48CCkYTMIa0DwM-Jjt91DwkZfWDQ2baLhOmMnSYuHShQ_zgYrPDxb6_WBVPCxpXp8c2ahlTCT1nS-x6aWjzph2Y/s320/olhares.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>Olhares</b></div>
<br />
O restaurante era simples. Sem maiores decorações. Mesas cobertas com toalhas xadrez. Cozinha honesta, sem frescuras, farta em quantidade e em sabores.<br />
No canto, senta-se um casal. Nem tão moços, nem tão velhos, nem bonitos, nem feios, apenas um par.<br />
E eles se olham. E ele olha.<br />
Ela sorri.<br />
Ele olha. <br />
Ela suspira e remexe o cabelo.<br />
Ele olha.<br />
Envergonhada, ela abaixa os olhos.<br />
Ele só olha.<br />
Ela torna a sorrir.<br />
E a suspirar.<br />
E ele olha...<br />
O garçom coloca diante deles dois pratos.<br />
E eles nem olham.<br />
Apenas se entreolham.<br />
Alheios ao mundo que os cercava, lá ficaram, apenas a se olharem, dizendo um ao outro, com seus olhares, muito mais do que meras palavras poderiam falar.<br />
Ele estende as mãos para ela, sem desviar o olhar.<br />
Ela toca as mãos dele, sempre a olhar.<br />
Ela sorri. Ele olha.<br />
Eles se levantam e abraçados vão embora. Sempre a se olharem, enlevados, na descoberta do outro.<br />
Nem velhos, nem moços, nem bonitos nem feios, mas únicos no universo de seu amor.<br />
E eu fiquei pensando. Feliz da mulher que, nem tão nova, nem tão velha, nem bonita, nem feia, foi contemplada, pelo menos uma vez em sua vida, com tal olhar.<br />
<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-32324048339657986882015-08-18T12:28:00.001-03:002017-04-17T20:24:05.107-03:00A Noite dos Descolados<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: right; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVyHzZkKtwGp2opB8CiUIe3eP0ePE0S595lCTIyC50tN7lF0BA5cxPEZwDUPdeazLdt_X6ejy3z5o2E7BsyTpkTCm15ByDIA0_SoHCazrKgqizYNdynr3rADfHLUPC-2WH_UIGkT5vEy3W/s1600/foto+bar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVyHzZkKtwGp2opB8CiUIe3eP0ePE0S595lCTIyC50tN7lF0BA5cxPEZwDUPdeazLdt_X6ejy3z5o2E7BsyTpkTCm15ByDIA0_SoHCazrKgqizYNdynr3rADfHLUPC-2WH_UIGkT5vEy3W/s200/foto+bar.jpg" title="" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Turma descolada</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Z-FjZIXtdyXdyWOxqweNXGeJM7eZmZUJHGepvRP2fkVbsttVuJzzSViXa9YKh1_2HFZ5ovp-sIJLzPoIBdPHW0iTE_GRlY6f1dqf6jC-DplcSghEcPsOeUSReXxU2yeJBXo6iYtihhsR/s1600/bruna.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Z-FjZIXtdyXdyWOxqweNXGeJM7eZmZUJHGepvRP2fkVbsttVuJzzSViXa9YKh1_2HFZ5ovp-sIJLzPoIBdPHW0iTE_GRlY6f1dqf6jC-DplcSghEcPsOeUSReXxU2yeJBXo6iYtihhsR/s200/bruna.jpg" width="197" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bruna em um momento de descontração </td></tr>
</tbody></table>
<h2>
<b>A Noite dos Descolados</b></h2>
<br />
<div class="MsoNormal">
Era um desses lugares da moda, bem moderninho, mistura de
bar e restaurante,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>decoração arrojada, e
cozinha contemporânea , é claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá fomos nós, grupinho animado, curtir a quinta-feira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Salão lotado, clientela eclética, maneira chique de dizer
que tinha de tudo: os descolados, os formadores de opiniões, os deslumbrados,
os moradores da vizinhança<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e alguns
passantes incautos, que viram o bochicho e entraram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Precavidos, havíamos reservado. A hostess, com um modelito
estilo saco a vácuo, escova progressiva nos cabelos e sorriso Colgate, nos
encaminhou até nossa mesa, espremida entre outras, onde nos sentamos em
cadeiras, bancos e pufes e afins, que faziam parte da decoração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Logo veio um rapaz trajado com jeans rasgados, camisa branca
para fora, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com tranças rastafari e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">piercings</i> no nariz, orelhas e onde mais
fosse possível pendurar qualquer tipo de argolinhas. Muito simpático, logo se
apresentou: - “Oiéé! Sou o Rafa! Sou eu que vou cuidar de vocês nesta noite!”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tal declaração nos tranquilizou, ao sabermos que estaríamos
nas mãos de tão prestimosa criatura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Rafa então distribuiu alguns cardápios e explicou: -
“Trata-se de nossa carta de drinks especiais, criações de nosso mixologista.”
(mixologista: anglicismo derivado do verbo em inglês mix, que substitui o
antigo nome<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>também em inglês - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bar Tender</i>).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
De fato,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mistura é a
palavra que define bem os drinks ali oferecidos, pois todos eram compostos por
uma grande quantidade de ingredientes que incluíam frutas, especiarias,
infusões, xaropes,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>essências e o álcool
para catalisar o resultado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Escolhemos alguns e, confesso, achei todos com gosto muito
semelhante, e me lembraram os antigos Drops Dulcora que chupava, em minha
infância.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Rafa, que nos havia deixado a sós com os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">drinks</i>, surge, vários minutos depois,
com o cardápio de comida, também descolado e preparado pelo chefe que acaba de
voltar da Europa, onde fez estágio nos melhores restaurantes, e que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>está empenhado em valorizar a cozinha e os ingredientes
brasileiros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tivemos uma certa dificuldade em fazer nossas escolhas, em primeiro
lugar por que o restaurante era muito escuro e mal conseguíamos enxergar o que
estava escrito. Com a ajuda dos sempre presentes IPhones, conseguimos iluminar
o cardápio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O segundo problema foi decidir o que escolher. Queríamos
algo mais simples que combinasse com a proposta descontraída do lugar e com os
drinks, por sua vez, muito elaborados. Infelizmente não pudemos contar com a
ajuda de Rafa, pois este aparentemente estava às voltas com algum assunto gravíssimo
lá dentro, que o impedia de comparecer ao salão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre os feijões de Santarém, tucupi, pequi, sementes de
quiabo fritas, espumas de cará e outros itens de nossa imensa terra, achamos um
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">mix</i> ( acho que é a palavra de ordem
do momento) de tapas brasileiros, que nos pareceu razoável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E eis que volta o
Rafa, um tanto quanto esbaforido, quiçá ansioso, e lá se foi com nossos
pedidos. A essa altura, eu já havia desistido dos drinks e partido para um
vinho branco básico, que consegui por meios extremos. Fui direto ao bar e pedi
ao mixologista de plantão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O salão não parava de encher. Havíamos desistido de
conversar pois além da musica altíssima, a acústica do ambiente amplificava o
vozerio <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>exaltado dos frequentadores,
certamente muitos decibéis acima do suportável. Nos contentamos em observar as
figuras que nos rodeavam. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Flashes pipocavam a
cada segundo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As selfies bombavam.
Whatssaps<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a mil! Instagram! Facebook! Curtidas!
Estávamos na nova Terra do Nunca, onde as pessoas nunca se encontram de
verdade, apenas em realidades paralelas, eternamente separadas pelos
Aplicativos e outros seres míticos, habitantes dos Universos Virtuais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Más noticias! Rafa definitivamente nos abandonou! Para
substitui-lo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>apareceu Bruna, seu avatar
feminino, de cabelos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">platinum</i> com
reflexos laranja, cortados por algum cabeleireiro surtado, após ingerir alguns
litros de chá de cogumelos alucinógenos. Bruna, obviamente, também usava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">piercings</i>, usava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">jeans</i> rasgados e uma blusa que certamente pertencera a sua irmã
caçula. As unhas e batom negros completavam o visual. Detalhe: Bruna pagava
cofrinho... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A gentil Bruna finalmente nos trouxe o Mix, tão penosamente
escolhido por nós.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Olhei o prato com exacerbada curiosidade e uma certa
apreensão. Lá estavam os indefectíveis itens da moda: espumas, texturas, mini
brotos. Ausentes: sabores, aromas, satisfação. Suspirei e me abstive de
comentários. Naquele momento desejei ardentemente ser a Feiticeira, do<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seriado de TV, que com uma mexidinha do nariz,
transformaria aquele pandemônio num bistrô singelo, de toalhinhas xadrez , onde
se pudesse usufruir de boa comida em boa companhia e em silencio... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bruna, misteriosamente, também desapareceu, tragada pelo
Buraco Negro que suga todos os garçons em hora de movimento. Pena... estávamos
sentindo falta de seu visual discreto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acabamos por pagar a conta direto com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a moça emburrada do caixa, que não parou de
reclamar de tudo e de todos, enquanto lidava com nossos cartões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A noite sem fim<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>finalmente chegou ao fim. Em casa, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ainda zonza,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>com os ouvidos doloridos pelo silencio ensurdecedor que normalmente
sucede àquela barulheira infernal,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cheguei
à seguinte conclusão: não sou descolada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu estava exausta. Muita informação . De fato, muita
informação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
PS: Faço neste momento um aparte. Gosto do Brasil e dos
sabores tropicais. Gosto de regionalismo. Portanto, a cozinha Paraense tem o
seu apogeu em Belém. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Nordestina no
Nordeste. Por que não podemos definir uma cozinha carioca com os ingredientes
que crescem perto de nós? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nada contra
usar ingredientes de outras partes do pais. Mas cansa ver a copia da copia da
copia de um original, há muito deturpado...<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<b>O Gosto das Palavras</b></div>
<br />
Sinto saudades de algumas palavras que, parece-me, caíram em desuso.<br />
Outrora, alfarrábios, almejar, por conseguinte, soslaio, inexorável, chumbrega, outrossim, tantas outras... Algumas engraçadas, outras poéticas, formais e por que não, prosaicas e até bizarras: substantivos, verbos e advérbios, adjetivos, todas fizeram parte de minha infância e permanecem vivas em minha memoria.<br />
Sinto falta do pretérito mais-que-perfeito, que por ser tão perfeito pertence aos romances de outrora, que li em minha adolescência, onde as cenas de amor tinham lugar em saraus e bailes, em que as damas flertavam com os cavalheiros com olhares de soslaio, e se abanavam afogueadamente com seus leques.<br />
Provavelmente são os primeiros acenos da idade - afinal somos todos destinados a envelhecer – mas acordei nostálgica, com a mente voltada para o passado.<br />
Lembranças de infância e de outros tempos vieram me visitar, e com elas as palavras adormecidas que por lá permaneceram, guardadas em antigos alfarrábios, resquícios de trechos lidos, de fantasias imaginadas e de pensamentos ao acaso.<br />
As palavras são nossas amigas. Mais do que isso: são a representação de tudo o que somos. São as nossas companheiras em noites insones, quando nossos pensamentos se misturam com nossos sonhos de forma inexorável, e vagam soltos e indomáveis. São nossas guias confiáveis, quando almejamos galgar as trilhas precisas do raciocínio lógico.<br />
Têm vida, assim como nós. E têm gosto, texturas, assim como os pratos que os cozinheiros inventam. Algumas são grandiosas como as copiosas refeições, outras são chumbregas como uma media com pão e manteiga, mas nem por isso menos valiosas.<br />
Tem palavras doces, que se derretem na boca . Há outras voluptuosas, que fazem nossa língua se enrolar e salivar ao serem pronunciadas. Tem aquelas crocantes, que nos dão a sensação de mastigar salgadinhos de pacote.<br />
E há as aveludadas, que envolvem o paladar e nos confortam. Para acrescentar temperos, podemos usar palavras picantes. Porque não?<br />
Mas, como em tudo nessa vida, há a contra partida.<br />
Assim como nos consolam e acalentam, as palavras podem ser amargas como o fel, que nos escorre goela abaixo. Podem ser e são ferinas, tão ácidas que nos queimam por dentro, deixando um rastro de feridas que não cicatrizam.<br />
Por seu intermédio podemos dar vazão a tudo o que sentimos, o que queremos expressar, do amor mais sincero ao ódio mais profundo, da admiração extrema ao desprezo absoluto. Podemos aprender e ensinar. Elas são o inesgotável alimento de nossa alma.<br />
Diz o ditado que somos senhores das palavras não proferidas. Não concordo.<br />
São elas as servas mais fieis de nossas ideias. Somos, no entanto, responsáveis pelo que falamos e como o dizemos. Por conseguinte, devemos ser capazes de arcar com as consequências.<br />
Outrossim, nada mais a declarar.<br />
Palavras! Palavras e mais palavras! Benditas sejam!<br />
<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-21514988813708222802015-08-02T17:11:00.002-03:002015-08-02T17:11:41.674-03:00Se Você Fosse Um Vinho?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Se Você Fosse Um Vinho?</b></div>
<br />
Gosto de vinhos. Desde pequenina. Sempre que havia um almoço na minha casa, meu pai me dava um pouco, misturado com água e um pouquinho de açúcar. Eu me lembro nitidamente da sensação agradável que me vinha ( provavelmente o álcool).<br />
No entanto, passaram-se muitos anos antes de voltar a apreciar a bebida.<br />
Ao ingressar no mundo da gastronomia, comecei a aprender sobre essa fantástica descoberta do homem. E quanto mais aprendo, mais vejo que menos sei e mais o assunto me fascina.<br />
Provavelmente a bebida alcóolica mais antiga da humanidade ( há uma disputa entre o vinho e a cerveja e, recentemente fala-se em hidromel), o vinho é uma dádiva da natureza. Os primeiros vinhos foram provenientes da fermentação natural das uvas caídas no chão. Por serendipidade, alguém, há milhares de anos atrás, teve a feliz ideia de provar as uvas fermentadas e tomar o primeiro porre da humanidade. Algum tempo depois, outro alguém de nossa engenhosa espécie resolveu dar uma mãozinha à natureza e criou o primeiro processo de vinificação.<br />
Os vinhos, assim como nós, possuem vida, caráter e personalidade. Eles nos encantam, nos surpreendem e, algumas vezes, nos decepcionam. E, assim como nós, são únicos.<br />
E cada um tem um destino e uma missão a cumprir. E um jeito de ser. Comparo as pessoas às diferentes variedades de vinhos.<br />
Provavelmente seu vinho predileto tem a ver com o tipo de pessoa que você é. Vamos lá. Alguns exemplos.<br />
Há aqueles que são como os Cabernets de Bordeaux. Elegantes, cultos, refinados, tradicionais, frequentam os ambientes mais sofisticados e jamais perdem a dignidade.<br />
As pessoas Pinot Noir da Borgonha são glamorosas, <i>sexy</i>, frequentam os lugares badalados, são <i>trendies</i>, descoladas.<br />
Já o tipo Merlot é discreto, aparentemente frágil, mas que esconde uma grande força interior e que seduz de forma lenta, porém irreversível. Seu charme só pode ser percebido por aqueles com espíritos superiores. Um bom Merlot jamais se esquece.<br />
Há os Malbec Novo Mundo, estilo pitbull, que chegam arrasando, porém são absolutamente desprovidos de conteúdo e enjoam logo depois do primeiro copo. A convivência com eles nos deixa exaustos.<br />
E há os assemblage, que misturam Syrah, Malbec, Cabernet Franc e eventualmente Merlot e outras mais. São extremamente confusos, complicados, nos fazem pisar em ovos e nos deixam sem entender o que está acontecendo.<br />
Não podemos esquecer dos italianos Sangiovese, francos, alegres, vivos, amigos, bons parceiros para uma noitada, para se rir e curtir a vida.<br />
E há, claro, os neuróticos Carménère , impacientes, impulsivos, que não tem tempo para esperar, sempre ansiosos, e que não conseguem ouvir uma frase completa e escutar o que você tem a dizer.<br />
E tem mais, muito mais! Eu nem falei nos branquinhos básicos. São milhares de variedades! São milhões de combinações! Há um vinho para cada um de nós, que satisfaz nossas indiossincrasias.<br />
Se eu fosse um vinho eu certamente seria... Hum... não conto.<br />
E você? Que vinho você seria?<br />
<div>
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-85074916490076984042015-07-14T15:43:00.001-03:002015-07-14T15:43:45.417-03:00As Cozinhas do MundoAs cozinhas do Mundo<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7pPzcL_oO4-dLq_EZm-gqBcMAxFwxN4VLV85Ylj4PIXKHI2FIYCv8a62hUl8gl40ejRP6uH6pC90Th9mvu2tlb6QrlZ8y3RlsBZEmmAMqbUETIjNdDnchFwkUFE8_jschBSF-4-LpqrZ/s1600/genius+at+work.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiP7pPzcL_oO4-dLq_EZm-gqBcMAxFwxN4VLV85Ylj4PIXKHI2FIYCv8a62hUl8gl40ejRP6uH6pC90Th9mvu2tlb6QrlZ8y3RlsBZEmmAMqbUETIjNdDnchFwkUFE8_jschBSF-4-LpqrZ/s320/genius+at+work.jpg" width="224" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b>As Cozinhas do Mundo</b></div>
Meu pai era um homem elegante e um apreciador da boa mesa. Foi ele um dos primeiros apreciadores de vinho que conheci. Possuía um termômetro para servir vinhos na temperatura correta, conhecia as regiões mais importantes da França e Itália e não hesitava em provar a culinária de culturas diferentes.<br />
Leitor ávido, leu até o último dia de sua vida. Sua biblioteca culinária, herdada por mim, era das mais ecléticas. Misturados entre clássicos da cozinha francesa havia exemplares sobre cozinha chinesa, japonesa, italiana, judaica, grega, coreana, etc. Havia outros, mais estranhos, sobre cozinha para artríticos (adquirido por causa de uma bursite), cozinha ecológica (uma prévia da cozinha orgânica), cozinha para robots (ele comprou um robotcoupe), cozinha para pressão alta e, é claro, cozinha para colesterol.<br />
Já naquela época, quando não se cogitava de orgânicos, ele já expressava preocupação com a origem dos ingredientes, e acreditava piamente nas propriedades curativas dos alimentos.<br />
- Os legumes e frutas são alimentos de proteção – preconizava ele.<br />
Sua obsessão, conforme anteriormente mencionada, era o alho-poro. Não havia receita em que não o empregasse. Até na feijoada. Eu descobri por acaso, pois uma noite, nas vésperas de um de seus almoços para os amigos, eu o pilhei na cozinha adicionando uma significativa quantidade do dito cujo na panela do feijão. Ele deu uma risadinha meia sem graça, bem característica, e comentou: - Alho-poro: ingrediente excepcional.<br />
Foi ele quem me apresentou as diferentes cozinhas, que na época eram conhecidas por poucos.<br />
Grande admirador da cozinha chinesa e de sua diversidade, dizia ele que os chineses são capazes de cozinhar qualquer coisa que ande com as costas voltadas para o sol.<br />
Recentemente pude comprovar sua afirmação, ao receber pela internet várias fotos de iguarias chinesas vendidas nas ruas de Pequim: cobras, lagartas, escorpiões e outros seres rastejantes, artisticamente arrumados em espetinhos para serem devidamente degustados pelos ávidos fregueses.<br />
Meu pai dedicou-se às diferentes cozinhas do mundo com o mesmo entusiasmo, de acordo com seus interesses e veneta.<br />
Houve uma época, por exemplo, em que cismou com fondue. Comprou uma panela e 12 garfinhos, e todo o fim de semana era fondue para a família. É claro que a mesa virava uma praça de guerra onde a panela, localizada no centro, era o alvo a ser conquistado e os comensais os guerreiros, a lutarem com seus garfinhos por um naco de carne ou de pão ( os fondues eram alternadamente de carne ou de queijo). Ganhavam, é claro, os mais espertos e os mais famintos.<br />
Minha mãe, que insistia em manter as aparências de civilidade e não perdia a pose, saía sempre com fome. Nós, por outro lado, nos engalfinhávamos sem a menor classe, na luta pelo último pedaço, mosqueteiras da gula.<br />
Graças a Deus, meu pai logo depois passou a se interessar pela culinária italiana, muito provavelmente por influência de minha mãe, que já não agüentava mais aquelas cenas grotescas na mesa.<br />
Suas feijoadas tornaram-se antológicas e suas macarronadas fizeram história na família. Sua receita de espaguete a bolonhesa é para mim a melhor que já provei até hoje.<br />
Ao completar dezoito anos, meu pai me levou com ele para uma viagem ao México e Estados Unidos, onde ele foi a trabalho.<br />
Foi a minha primeira viagem internacional. Foi nessa viagem que fui apresentada às cozinhas do mundo. <br />
Meu pai, com sua visão peculiar da realidade, me deu de presente para ler no avião, em vez de um guia turístico qualquer, Pedro Páramo, de Juan Rulfo, e A Erva do Diabo, de Carlos Castanheda. E assim, na alegre companhia dos fantasmas dos antepassados de Pedro Páramo, e de Don Juan e suas experiências alucinógenas com mescal, lá fui eu para o México.<br />
O México é um país colorido, que mistura história, religiões, tradições, revoluções, cultura e pimenta. O país me surpreendeu. Assim como a quantidade de pimenta que consomem.<br />
Comem pimenta com tudo. Fui a um mercado de rua e fiquei impressionada com a quantidade e variedade de pimentas que havia: aji, jalapeño, chili, diversos tipos de malagueta, e muitas outras. Coloridas e com diversos formatos, as pimentas pontificavam em todas as barraquinhas, e eram vendidas frescas, em conservas e secas. Havia também várias barracas oferecendo comidas típicas, as quais eram servidas com generosas porções de diferentes molhos de pimenta. Eu arregalei os olhos quando vi um senhor abrir uma maçã, e regá-la com uma colherada de pimentas antes de comer.<br />
Durante a viagem eu tinha que acompanhar meu pai em diversos compromissos oficiais, alguns interessantes, outros bem chatos.<br />
Entre outros, fomos a um jantar oferecido num lugar chamado Hacienda de los Morales, uma hacienda de mais de 400 anos de idade, atualmente transformada em casa de eventos.<br />
Logo na entrada imponente, um corredor iluminado com tocheiros já fazia o clima. Os salões, revestidos de pesados painéis de madeira maciça, remetiam a uma época de fausto e luxo severo, que me fez imaginar os antigos donos, senhores feudais.<br />
O jantar era para cerca de 200 pessoas, distribuídas em mesas para dez pessoas, iluminadas com velas, e talheres postos para um banquete. O cenário era majestoso e fiquei imaginando aquele salão, em outros tempos, com las señoras e seus leques rendados, los señores galantemente vestidos em trajes de toureiros, e, claro, o toque final, com o Zorro adentrando pendurado no lustre gigantesco por seu chicote.<br />
Sentamo-nos em uma das dezenas de mesas redondas, decoradas com imponentes candelabros. Da cozinha sai a procissão de garçons engalanados em suas roupagens de honra, vestidos de toureiros, portando em seus braços os pratos que seriam distribuídos aos convivas.<br />
Não posso deixar de mencionar que as recomendações de infância haviam sido devidamente refrescadas. Guardanapo no colo, mãos pousadas sem cotovelos, e deixar comida no prato, nem pensar.<br />
Um dos toureiros depositou o primeiro prato diante de mim. Tratava-se de um ceviche de peixe. Meu pai me explicou que ceviche era um peixe marinado em limão, sem passar pelo fogo e me lançou um olhar significativo. Suspirei e comecei a comer. O peixe tinha uma textura agradável e sua acidez, acompanhada pelo molho picante, tornava o prato bem agradável. <br />
O cardápio era de comida típica, claro. Era a minha primeira experiência com uma cozinha nova. Até o momento tudo bem.<br />
O toureiro trouxe o segundo prato. Era uma espécie de coquetel de camarões com abacate e uma salsa de tomates bem apimentada. Os camarões estavam bem firmes, o contraste do tomate junto com o abacate macio era surpreendente, a pimenta na medida certa acrescentava sabor. Eu comecei a ganhar confiança e me achar cosmopolita e sofisticada.<br />
O terceiro prato foi colocado à minha frente. Diante de mim havia uma carne de animal não identificado, coberta por um molho muito espesso e escuro. Mais uma vez meu pai, fonte inesgotável de conhecimentos, me supriu com informações sobre a cozinha mexicana. “Trata-se de um mole poblano”- disse ele. “É o prato nacional do México. Carne de peru com molho”. Ele se absteve de entrar em maiores detalhes sobre o prato, em cuja composição entra chocolate, provavelmente para evitar qualquer preconceito de minha parte, e, óbvio, me fulminou com o indefectível olhar.<br />
Animada pelas experiências anteriores e coagida pelo Olhar, eu dei a primeira garfada.<br />
Fogo líquido me entrou pela boca e se espalhou por todo o caminho até meu estômago. Hoje em dia sou bastante valente para pimentas, mas naquela época ainda não era uma grande apreciadora do condimento.<br />
Comecei a ficar vermelha e não havia água suficiente para aliviar a queimação por dentro.<br />
Lágrimas copiosas escorriam de meus olhos, sem que eu tivesse noção.<br />
Meu pai, que até então estava distraído conversando com os outros convidados e ainda não havia provado o prato, me olhou e perguntou surpreso. “O que houve minha filha? Saudades de casa?”. Ao que eu miseravelmente respondi: “Não, pai. É a pimenta”.<br />
Pela primeira vez ele me permitiu deixar a comida no prato.<br />
Em Nova York, meu pai me levou a uma sucessão de restaurantes de diferentes nacionalidades, onde me fez provar, entre outras, a cozinha grega e turca, chinesa e japonesa.<br />
Conheci os kebbabs, tomei sopa de ninho de andorinha, provei meu primeiro sashimi e me afogueei nos vapores do wassabi ( pela segunda vez a comida me fez chorar).<br />
Aprendi muito naquela viagem. Porém, o mais importante foi o despertar de minha curiosidade e interesse pelos diferentes ingredientes, diferentes texturas e sabores, até então desconhecidos.<br />
Um novo universo se abriu para mim. Eu pude ter uma noção da diversidade de nossa espécie, das infinitas diferenças culturais e ambientais que existem pelo nosso mundo, apenas pelas diferentes cozinhas que pude experimentar. Não pude deixar de comparar fascinada a dieta dos japoneses (eu havia ficado bastante impressionada com o sashimi e com os sushis) e o nosso nordestino. Somos todos parte de uma mesma espécie e, no entanto, há diferenças abissais entre as formas de se viver e de se alimentar. O que me leva à inevitável conclusão: somos aquilo que comemos.<br />
Devo ao meu pai muito. A vida, evidentemente. Minha educação formal e subsistência.<br />
Sobretudo, devo a ele o que sou hoje em dia. Afinal, foi ele quem me fez amar a comida que faço.<br />
Foi ele quem me mostrou as cozinhas do mundo.<br />
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-54038788017116907532015-07-10T00:18:00.003-03:002015-07-10T17:06:48.238-03:00Buenos Aires: O Óbvio e a Meia Furada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZgrpBU4z3hygXeapiJwf0zDU2bBE99skuZ4JoELYCYlIB-BG7k7je1U1bzb4f-0atFjuXBEls4juYHzqxsqf0KuMZ8RdzIkBUCortMr3vundXlijF60_XMWjDYUEn83L-AQO-ySihaHnb/s1600/tango.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZgrpBU4z3hygXeapiJwf0zDU2bBE99skuZ4JoELYCYlIB-BG7k7je1U1bzb4f-0atFjuXBEls4juYHzqxsqf0KuMZ8RdzIkBUCortMr3vundXlijF60_XMWjDYUEn83L-AQO-ySihaHnb/s320/tango.jpg" width="320" /></a></div>
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Buenos Aires: O óbvio e a meia furada.</div>
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A vida me tem sido generosa. As oportunidades têm batido à minha porta com frequência. Ë como minha mãe dizia, oportunidade é um bicho cabeludo pela frente, e careca por trás. Portanto, lá fui eu de novo botar o pé na estrada. Alguns amigos me convidaram para acompanha-los num périplo gastronômico por Buenos Aires.<br />
Fomos atrás do obvio: vinho, carne e tango (eu).<br />
Alguns torcerão seus narizes. E os restaurantes contemporâneos, com menus degustação, chevicherias, peruanos, italianos ? Irei a cevicherias e comerei comida peruana no Peru. Irei a restaurantes italianos na Itália. Quanto a cardápios degustação, há muito que me entedio depois do terceiro prato.<br />
À medida que envelheço, a simplicidade me atrai. Sabores nítidos, texturas definidas, refogados, comida de panela.<br />
Por conseguinte, descobrir qual a melhor carne de Buenos Aires, me pareceu uma missão digna e necessária.<br />
Chegamos a Buenos Aires lá pelas tantas, e, decididos, partimos para a primeira casa.<br />
Tratava-se de uma das mais tradicionais casas de carne de Buenos Aires, a Mirasol, onde eu já havia estado há cerca de um ano.. Decoração estilo anos 50, garçons de summer, maitre de smoking - o tempo parou naquele lugar.<br />
A nossa volta, argentinos de terno, famílias e mesas de amigos nos indicavam que estávamos em um estabelecimento frequentado pelos locais.<br />
Por coincidência, o mesmo garçom que me havia atendido na outra vez me reconheceu e veio nos atender. Ernesto, era o seu nome. E usufruímos do privilégio de ser reconhecido em um restaurante.<br />
Logo nos sentamos e pedimos nosso primeiro Malbec. Um Achaval Ferrer 2013, um pouco fechado no inicio, porém, depois de algum tempo, abriu e revelou-se um belo acompanhamento para nossas carnes.<br />
E estas chegaram. Me perdoem os vegetarianos de plantão, mas o homem é carnívoro. Estamos no topo da cadeia alimentar. A nossa frente estavam ojo de bife, vacío, molejas, asado de tira, nacos suculentos, grelhados à perfeição, acompanhados por papas fritas ( de verdade ). Tem coisas que não se explicam. Não sei se foi o frio ou a fome, o fato é que foi uma das melhores refeições dos últimos tempos. Sabores simples, quase primitivos porém opulentos, regados a vinhos copiosos, e acompanhados pelo riso solto, fizeram daquela noite um marco em minha memoria. Cheguei ao hotel em paz com meu estômago e com minha alma.<br />
Nos próximos dias continuamos a nossa maratona em busca da melhor carne: La Cabreira, Estilo Campo, La Brigada, La Cabaña, La Caballeriza...<br />
Ao cabo de 5 dias, passei a sonhar com um boi mugindo ao meu lado. Devo confessar que embora todas servissem excelente carne, para mim, sem dúvida, a Mirasol foi a melhor.<br />
Em minha ultima noite em Buenos Aires, recusei terminantemente qualquer menção a comida e fui assistir ao show de tango.<br />
Brega? Eu? Talvez. Pouco importa. Como disse antes fui atrás do óbvio.<br />
Procurei o melhor espetáculo de tango de Buenos Aires, num belo teatro, em estilo clássico. Sentei-me em meu camarote, só. Naquele momento desejei ter um leque, como as damas de outrora, mas ao meu alcance, somente meu celular. Sinal dos tempos...<br />
Começou o espetáculo. Tango, tango, tango. Clássico, encenação de milongas, contemporâneo... o tempo passou sem eu perceber.<br />
Chega o numero final. Os dançarinos principais, um belo casal, executam a dança.<br />
Ela, pele alva, braços e pernas torneados de bailarina, vestida de negro, contrastava com ele, moreno, esguio, cabelos escuros, também em negro. O palco era deles. Sensualidade, graça, força, leveza... O lamento pungente do bandoneon pontificava na orquestra. <br />
E aí, estava lá. O buraco na meia. Um ponto branco, na altura da coxa revestida de negro, aparecia pela fenda do vestido.<br />
Não! Minha vontade era gritar: “ – Sua meia está furada! “. Todo o encanto da cena havia sido tragado pelo buraco branco. Não conseguia desviar meu olhar do pequeno buraco, que lenta e inexoravelmente aumentava, à medida que a dançarina executava os passos e rodopios.<br />
De repente, como se um raio me houvesse atingido, tive um momento de absoluta clareza. O buraco na meia era a representação da humanidade que há em nós. E a perfeição da humanidade reside nas imperfeições que carregamos.<br />
Passei, então, a fantasiar que existia um grande amor entre os dançarinos e que ambos estavam ali a demonstrar um ao outro o sentimento mútuo, indiferentes à plateia que os rodeava, indiferentes às mundanidades. Nos momentos em que a humanidade se derrama sobre nós, sob a forma de sentimentos, sejam eles amor, paixão, ódio, quem se importa? Meia furada, a maquiagem escorrida, o cabelo desfeito, o botão que falta na camisa... Que importa? Quem se importa?<br />
A dança acabou. No meio do palco, arfantes, com o suor escorrendo por suas têmporas, os dançarinos se curvam agradecendo os aplausos. Eles se entreolham e se retiram. O show acabou.<br />
Fui atrás do óbvio e achei. Nas refeições generosas, nos vinhos copiosos,, nas carnes opulentas, nas risadas soltas, no tango e na meia furada.<br />
Não chores por mim. Argentina, pois voltarei.<br />
Sempre atrás do óbvio.<br />
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Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-1508104040166927522015-07-06T12:57:00.000-03:002015-08-17T15:11:15.780-03:00Nova York 3.0: A Loura Diet Coke.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8LtNBjovbx-pq1V1rFN6W5xCcJyqxoOu0mRwrXAPfiZO34z7FIg2W-90j_b35r8E8QVxDk3axKi7SxY2kxlKhn1b7ms-45-d_AMm7th_6IEX849bZbSc2pANA9fygQVTI7XcB0zYmwELJ/s1600/the+mark.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8LtNBjovbx-pq1V1rFN6W5xCcJyqxoOu0mRwrXAPfiZO34z7FIg2W-90j_b35r8E8QVxDk3axKi7SxY2kxlKhn1b7ms-45-d_AMm7th_6IEX849bZbSc2pANA9fygQVTI7XcB0zYmwELJ/s320/the+mark.jpg" width="240" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOMW5JrLrpimsJlsUlnWy_eq1I1w8DhH8kATeDyw5CAPlBilfBv5JcSEq_jce5m6do6IU9rIexBXzi1KHMEM51dpmJ3CNvak8aOq5flG9Rnv71C3DdEpY9-s15rY4b-LCsVFWBGD9YwN02/s1600/hamburguer.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOMW5JrLrpimsJlsUlnWy_eq1I1w8DhH8kATeDyw5CAPlBilfBv5JcSEq_jce5m6do6IU9rIexBXzi1KHMEM51dpmJ3CNvak8aOq5flG9Rnv71C3DdEpY9-s15rY4b-LCsVFWBGD9YwN02/s320/hamburguer.png" width="180" /></a></div>
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<b>Nova York 3.0: A Loura Diet Coke</b></div>
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Minha última noite em Nova York. Malas por fazer, afinal quem resiste a umas comprinhas... Decidi jantar no próprio hotel.<br />
Fiquei hospedada num hotel badalado - hotel boutique, como chamam por aí- com um restaurante descolado, do Jeans Georges. Tanto o restaurante quanto o bar são frequentados pelos executivos e moradores do Upper East Side, sem dúvida gente da melhor estirpe. Ambos estabelecimentos vivem lotados de domingo a domingo.<br />
Eu havia reservado para mais tarde, um horário mais tranquilo.<br />
Depois de arrumar as malas, desci para relaxar e aproveitar minha ultima noite. Sentei-me no bar à espera de Mr. John, e pedi meu copo de Sancerre. Olhei ao redor, observando o publico eclético. Homens e mulheres, em grupos ou a sós, cada um deles procurando por diversão, conversas, lazer, por uma companhia para a noite ou pelo par para a vida toda. Por trás de cada risada, sorriso, trejeito, charme, percebe-se a ansiedade, a insegurança, a certeza de que se está abafando, os olhares furtivos, o desejo de agradar... e percebe-se as mãos que se esbarram, os corpos que se tocam, e diante de nós está o balé dos desencontrados sentimentos humanos.<br />
De repente sinto um forte aroma de perfume. Ao meu lado senta-se uma loura belíssima, impecavelmente vestida, maquiada e penteada. Olhares se voltam para ela. Não pude deixar de reparar. Porém, ao segundo olhar, nota-se que a saia é um pouco curta demais, o batom é um pouco vermelho demais, a roupa é um pouco justa demais, assim como o perfume. Ela olha ao redor com um ar entediado, suspira e pede uma Diet Coke. Consulta o telefone impacientemente.<br />
Mr. John chega finalmente. Ficara retido com reuniões de negócios. Convido-o para um drink antes de irmos para o restaurante.<br />
De rabo de olho observo a loura. Devo esclarecer a todos, neste momento, que não sou uma xereta contumaz. Apenas as situações humanas me fascinam. Não julgo, não critico, nem condeno. Todos temos nossas fraquezas. Todos temos nossos pecados. Ao contrario, eu me enriqueço ao partilhar dessas experiências.<br />
Chega o homem por quem ela esperava. Alto, careca, bem apessoado, um tanto barrigudo. Olha ao redor e vai de encontro a ela. A loura abre um sorriso esplendorosamente isento de alegria. Ele se senta ao lado dela, pede um uísque, e trocam algumas palavras. Ele bebe alguns goles, paga a conta e retiram-se do bar, a loura à frente, causando suspiros por onde passa.<br />
Fomos para o restaurante. Não me lembro do que Mr. John comeu. De minha parte pedi um hambúrguer. Ir a Nova York e não comer hambúrguer é que nem ir a Roma e não comer massa. O hambúrguer de lá é famoso.<br />
Pedi meu vinho predileto daquela viagem. Um Amapola Creek, Cabernet Sauvignon 2010, Sonoma Valley. Redondo, aveludado, meio over como os vinhos americanos, mas exatamente do que eu precisava. Desceu como uma luva.<br />
Meu hambúrguer chegou. Fez jus à fama. Tenro, no ponto, delicioso, acompanhado por batatinhas crocantes. Pena que puseram azeite de trufas. Não precisava.<br />
A noite foi longa. Havia muito o que conversar. Afinal Mr. John foi um grande companheiro de viagem. Teve a pachorra de me acompanhar em minha peregrinação gastronômica, nem sempre bem sucedida, sem dizer um ai. Relembramos os bons momentos, o desespero para se conseguir um taxi numa tarde chuvosa, o domingo no Central Park, a noite louca do Hell’s Kitchen, as comidas bizarras e os trejeitos pedantes de alguns restaurantes, assim como o serviço à la italiana da Pizzaria Serafina.<br />
Chegou a hora afinal. Não sou muito boa em despedidas. Não gosto de dizer adeus, e até à volta me parece banal. Não sei quando voltarei a ver Mr. John, ou se voltarei a vê-lo. A vida é tão cheia de esquinas...<br />
Subi para o quarto, e ainda dei uma olhada nas malas.<br />
Finalmente eu me deitei e meus pensamentos foram para a Loura Diet Coke. O sorriso frio, isento de qualquer emoção, me veio à mente. De alguma forma temos algo em comum. Em minha profissão de cozinheira, meu objetivo é trazer prazer aos outros. Ela, em sua profissão, também. Mas a diferença entre nós é que sinto alegria com o que faço, ao passo que ela, parece-me, cumpre bem seu papel. Apenas.<br />
E cheguei à conclusão de que não há relacionamento mais honesto do que esse. Não há ilusões nem falsas expectativas. Cada um sabe o que quer, o que vai obter, o preço que se cobra e o preço que se paga.<br />
Apaguei a luz e dormi minha ultima noite na cidade que não dorme nunca.<br />
See ya New York!<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFoHm__31KJqSrDyJIqEPCo25mtk2AYXmB5deDt4F3AELakfdus43DnnblTYlH1b4q9A8ti5zWjbIPSQlWf5msIbTOeYafICY7p_YdsGnkz8wIPDIJ4DII-tlil98d7Y-gvE2K_V_xUDNp/s1600/09D3DE58-8544-4E66-889E-7FD963D18DE7.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFoHm__31KJqSrDyJIqEPCo25mtk2AYXmB5deDt4F3AELakfdus43DnnblTYlH1b4q9A8ti5zWjbIPSQlWf5msIbTOeYafICY7p_YdsGnkz8wIPDIJ4DII-tlil98d7Y-gvE2K_V_xUDNp/s320/09D3DE58-8544-4E66-889E-7FD963D18DE7.JPG" width="320" /></a></div>
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<b>Nova York: Casal 2.0</b></div>
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E eis que minha alma adquirida (vide post Nova York 1.0), num esforço supremo, nos consegue uma reserva em um dos mais cobiçados restaurantes nova-iorquinos, frequentado pelo jetset, por artistas famosos, e por alguns brasileiros que incorrem na graça divina de o conseguirem, seja por que meios forem: o Polo Bar do Ralph Lauren. E no sábado! Às 19:00! Para alguns, certamente é como se abrissem as portas do Paraiso.<br />
A ocasião obviamente merecia uma produção especial. Lá estávamos nós, me and Mr. John, devidamente embecados - eu num pretinho básico, que não falha, e Mr. John em seu blazer Ralph Lauren ( I presume ) – pontualmente, às sete horas da noite.<br />
Na porta, para nos receber, nada menos do que o Príncipe Encantado, com esvoaçantes cabelos louros, sorriso cintilante, trajando um belíssimo blazer com as nobres insígnias de sua casa ancestral – Ralph Lauren. Imediatamente solicitou a uma das princesas ao seu lado, que nos conduzisse ao bar, enquanto esperávamos nossa mesa ser devidamente preparada.<br />
Após alguns minutos, outra princesa nos avisou que a mesa estava pronta, e nos guiou até o salão do restaurante, decorado no estilo castelo de caça inglês, com paredes ricamente forradas com painéis de madeira, onde gravuras com cenas de caçadas, belos cavalos, cães, etc. se espalhavam. Por toda a parte havia vitrines de mogno, com belos objetos de época, em prata.<br />
As mesas resplandeciam com toalhas de linho, arranjos florais, copos de cristal e talheres de prata.<br />
Fomos acomodados um aconchegante nicho junto à parede, numa mesa de canto. Do outro lado havia outra mesa exatamente igual à nossa.<br />
Uma garçonete solícita nos entregou os cardápios. Fiquei surpresa em ver que todos os pratos faziam parte da cozinha tradicional americana, no estilo anos 50.<br />
Não resisti e pedi uma roasted chicken com mashed potatoes and gravy. Nada mais retrô. Mr. John atacou de ribeye steak and roasted potatoes.<br />
Escolhemos um vinho californiano, é claro. Chega, então, à mesa outra atendente e nos serve o mais delicioso popover que já provei. Para quem não conhece, popovers são uma receita americana de pãezinhos de massa líquida.<br />
Quentinhos, dourados, macios e ocos por dentro. Quase fui à lagrimas. Minha mãe fazia estes pãezinhos para mim nas tardes de domingo. Mr. John, nova-iorquino, estranhou a minha comoção. Contei a ele minha historia.<br />
De repente, chegam os ocupantes da mesa ao lado. Ele chegou primeiro. Alto, magro, fisionomia jovem com cabelos grisalhos, num blazer impecável e calça jeans de grife ( acho que é uniforme obrigatório para se ir ao Polo bar), parecia ser um modelo dos anúncios da marca. Ela chegou alguns minutos depois. Loura, obviamente, cabelos artisticamente presos num coque, chique, com vestido e bolsa em preto e branco, impecáveis, talvez até demais.<br />
Ele se levantou e recebeu-a com um sorriso daqueles. Ela, mais discreta retribuiu com um discreto beijo na face.<br />
Ralph e Lauren ( como os chamei mentalmente, de imediato ) se sentaram. Imediatamente Ralph estalou os dedos e pediu champagne.<br />
Nossos pratos chegaram. O franguinho estava delicioso, crocante por fora e macio e tenro por dentro. Meu purê de batatas veio como eu imaginava. Rústico, com textura opulenta, e o molho por cima completava o conjunto. Paladar infantil, alguns dirão. Porém os sabores me acalentaram. Mr. John, por sua vez estava bastante feliz com o suculento filé que lhe puseram a frente.<br />
Na mesa ao lado, os ocupantes brindavam com champagne rosé e olhos nos olhos. Achei que iria assistir a uma dessas cenas românticas em que o rapaz se ajoelha, tira aquele anel de brilhante do bolso e pede a moça em casamento.<br />
Eu me remexi na cadeira, já pensando em como fazer para tirar um foto e postar, é claro. Mr. John não gostou de minha atenção desviada e me disse algo do tipo “mind our own business”.<br />
Voltei minha atenção para ele e para o meu franguinho, não necessariamente nessa ordem.<br />
De repente o drama! Lauren se levanta rapidamente e sai . Ralph permanece sentado. de fisionomia franzida. Sobre a mesa dois pratos de salada, praticamente intocados. Laureen está demorando. Ralph pede a conta.<br />
Meu Deus! Lauren foi embora e largou Ralph sozinho na mesa? Lauren retorna. Trocam algumas palavras e ambos se levantam e vão embora, deixando os vestígios de uma noite que não aconteceu, de uma pergunta não formulada, ou de uma promessa que não se concretizou.<br />
A bela cena romântica que eu havia imaginado se transformara numa cena de tristeza e desilusão por parte de alguém . Suspirei e tratei de me consolar com uma belíssima torta de maçãs, com uma crosta fininha, recheada com douradas maçãs caramelizadas e sorvete de baunilha.<br />
Saímos do restaurante e fomos dar uma caminhada pela Quinta Avenida, em frente ao Central Park.<br />
Caminhei em silencio, pensando que mesmo no Maravilhoso Mundo de Ralph Lauren, onde os homens são belos e usam blazers com insígnias douradas, e as mulheres são louras, lindas e usam pretinhos básicos, há laços feitos e desfeitos e amores acabados. Nessa terra encantada os casais também vivem felizes ou infelizes. Para sempre?<br />
Não me esquecerei dessa noite inusitada, em que comi um frango assado com purê de batatas, em Nova York, num restaurante chique. O Ralph Lauren sabe das coisas...<br />
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<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-38249831854473171972015-06-20T12:59:00.000-03:002015-06-20T18:25:00.413-03:00New York 1.0<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv1WO14hpLIlmDSRFt9ikcyNn3vbsFUC-TT13zI9fz-xMfxKZa1oDNzG1C_CmoAQqfmO3rtL2aC7Uyp1_if8k49Q8bACc7MLfORv9vnkPLV1hTS6aEnZrqI-0tpuft2__ubPO5DGNb8ock/s1600/IMG_1239.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv1WO14hpLIlmDSRFt9ikcyNn3vbsFUC-TT13zI9fz-xMfxKZa1oDNzG1C_CmoAQqfmO3rtL2aC7Uyp1_if8k49Q8bACc7MLfORv9vnkPLV1hTS6aEnZrqI-0tpuft2__ubPO5DGNb8ock/s320/IMG_1239.jpg" width="320" /></a><br />
<br />
Nova York 1.0<br />
<br />
Tem que ir! Imperdível ! As dicas chovem quando a gente, com aquele sorriso blasé e ar mundano, anuncia casualmente: “Vou para Nova York”.<br />
Restaurantes da moda, com menus degustação, chiques, descolados, temos que fazer a peregrinação e bater o ponto em cada um deles, dizer que fomos, pois afinal de contas, também somos descolados e chiques.<br />
O primeiro desafio é conseguir uma reserva. Pelo menos com um mês de antecedência. Se você for do tipo que decide sua viagem de última hora, você pagará caro por sua impulsividade. Para conseguir um lugar nesses Olimpos da gastronomia, você precisa comprar a alma de algum concierge, o que requer uma certa argúcia, além, é claro, de uma bela soma, para não desperdiçar seu tempo e dinheiro, com uma alma incompetente. Eu, como padeço da eterna insustentável leveza dos distraídos, que não conseguem planejar a próxima semana, fui, a contra gosto, obrigada a adquirir uma dessas almas.<br />
Minha alma adquirida desceu aos infernos e de lá extrai a primeira reserva . Restaurante disputadíssimo, ganhador de vários prêmios internacionais, tido como um dos melhores de NY e, porque não, do mundo.<br />
Lá fomos nós, me and Mr. John, minha companhia naquela cidade.<br />
Chegamos por volta das 19:00, horário considerado chique. Na porta, nada menos que o próprio Ken, o marido da Barbie, com dentes de mentex, e um sorriso plastificado. Maneiroso, ele chamou uma atendente, que deve fazer anúncios na Vogue como bico, a qual nos levou a nossa mesa.<br />
Logo nos acomodamos e diante de nós foi colocado um prato negro, de formato retangular, com duas carreirinhas brancas, meticulosamente paralelas, num canto. Não! Não é o que vocês estão pensando! Algo para intensificar os sentidos!<br />
Era apenas sal. Logo vieram dois pãezinhos bem gostosos.<br />
O garçom nos ofereceu água, a qual, pasmem, segundo ele, era fabricada especialmente para o restaurante. Até então, imaginava que água era a maior dádiva da natureza para os homens, disponível em rios, poços, fontes, etc.<br />
O cardápio nos foi apresentado. Era aquilo ou aquilo mesmo. O garçom perguntou se havia algum tipo de restrição alimentar, o que me pareceu estranho, uma vez que não havia alternativas.<br />
Pessoalmente, não tenho restrições de espécie alguma. Sou capaz de provar, e julgar se gosto ou não, qualquer alimento que não seja extremamente bizarro.<br />
Mr. John, que é mais chegado a um espaguete ao sugo, suspirou. Confesso que fiquei com a ideia na cabeça, de que, caso houvesse restrições, seriamos gentilmente convidados a sair.<br />
Escolhemos a harmonização de vinhos , para acompanhar a refeição. Mal sabia eu o que me esperava.<br />
Começou então, um desfile ininterrupto de pequeninas porções, artisticamente dispostas, que se assemelhavam, tanto em aparência, quanto no gosto, a ímãs de geladeira. Espumas de cor indefinida, que pareciam cuspe, o mesmo queijo em três texturas ( prefiro o queijo como ele é), trilogia de salsa, etc.<br />
De repente chega uma latinha fechada. Lá no fundo havia uma batatinha cozida disposta sobre uma areia crocante, que não chegava aos pés de nossa farofa. Representava o tubérculo e a terra onde foi cultivado. Com uma certa dificuldade, consegui garfar a batatinha e provei. Advinhem! Tinha gosto de...batata!<br />
Mr. John começou a se remexer na cadeira. O jantar nem havia começado.<br />
Comecei a ficar um pouco tensa.<br />
Chegou o primeiro prato. Era a salada. Num vasinho um arranjo ( as folhas) e numa cuia uma esfera ( o vinagrete). Não havia garfo. Vieram as instruções: com as mãos, mergulhe as folhas na esfera, para que você possa apreciar o aspecto lúdico da comida. A vinagrete só tinha gosto de cominho e de sementes de coentro. Detesto cominho. Mesmo que gostasse, estava demais.<br />
Segundo prato: peixe. Gostei da textura do peixe, levemente cozido em baixa temperatura, com uma espuma de sauce hollandaise, levemente aromatizada com wassabi. Chegou à mesa numa espécie de aquário, sobre um caldo. Tratei de pescar o bocadito, e sorvi o caldo com ajuda de uma delicada colher de café.<br />
Da mesma forma artística vieram outros pratos, servidos em aramados, chaleiras, cubos, etc, todos acompanhados de meticulosas instruções fornecidas pelo garçom . E a refeição se arrastava.<br />
Mr. John começou a transpirar. <br />
Finalmente a sobremesa, a qual, é claro, era uma desconstrução de varias receitas tradicionais. Já não me lembro o que era. Os vinhos, a sucessão quase infinita de bocadinhos, as instruções... muita informação.<br />
Num certo momento, eu me senti num circo, sem ter a certeza de quem eram os palhaços...<br />
Pedimos o café, que estranhamente veio numa xícara.<br />
Saímos do restaurante com uma sensação singular e paradoxal. Estômago cheio e barriga vazia.<br />
Paramos numa carrocinha e comemos cachorro-quente.<br />
<br />
<br />
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<br /></div>
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-67468449455161657172015-05-25T12:34:00.001-03:002015-05-28T13:37:00.566-03:00Você conhece Geraldinho?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br />
<br /><br />
Ninguém conhece Geraldinho, ou melhor, Geraldinhos. Já pesquisei no Google e não há referencias a este docinho, que fez parte de minha infância. Foi criado por minha avó.<br />
O porque do nome permanecerá para sempre um mistério. A principio, achei que era algum tio, mas não há registros de parente com este nome na família.<br />
Gosto de imaginar minha avó numa tarde qualquer, já idosa, preparando agradinhos para as netas, e ter a ideia de fazer pão-de-ló em forminhas de empadinhas.Ela gostava de fazer coisas pequeninas para a gente. A massa deve ter ficado seca e então ela teve a ideia de embebê-las em calda, assim como os papos de anjo, que tão bem fazia.<br />
Talvez, naquele momento, lhe tenha vindo a lembrança de algum namorado dos tempos de mocinha e, com um sorriso secreto, resolveu dar o nome em homenagem ao amor antigo. Ou então queria implicar com meu avô, que se chamava Oscar.<br />
Quem come um Geraldinho não esquece. Eu, pelo menos nunca esqueci. Lá vinham eles, em forminhas de margarida, molhadinhos e rescendendo a baunilha e raspa de limão, empilhados sobre um belo prato de cerâmica colorido.<br />
Compartilho agora com vocês esta receita, talvez inédita, talvez não, afinal existe o tal do inconsciente coletivo, tão querida da minha infância.<br />
<b>Geraldinhos</b><br />
<br />
Ingredientes<br />
<br />
40g de manteiga (2 colheres de sopa)<br />
80g de açúcar<br />
4 gemas<br />
4 claras em neve<br />
1 colher de chá de fermento em pó<br />
80g de farinha de trigo<br />
1 colher de café de baunilha.<br />
sal 1 pitada<br />
Calda:<br />
250g de agua<br />
300g de açúcar<br />
raspa de 1 limão<br />
<br />
Preparo:<br />
Bater açúcar com as gemas e a baunilha, juntar a manteiga. Juntar a farinha peneirada com o fermento e o sal.<br />
Juntar as claras em neve.<br />
Dispor em forminhas de empada untadas com manteiga. Assar em forno a 180.<br />
Fazer a calda em ponto de fio<br />
Mergulhar na calda quente e escorrer.<br />
Arrumar em forminhas laminadas em forma de margaridas.<br />
servir junto com um bom cafezinho fresco.<br />
<div style="text-align: left;">
</div>
<br />
<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-10170389562383006912015-05-24T15:25:00.000-03:002015-05-24T15:25:38.500-03:00Eu quero é botar meu blog na nuvem!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizWu4xEFBQEpnrnD_qY6TEjlvbolhcGV_hBsCt-jig7kVA2RIzV3SABDvDXGe7tCwatac23pAXHO_CoLvERYbjIyFZQa7btstRqXEIOYT2ZYL6xKAgmE-WehyfSzRAzDuRlSlWP8VBTCog/s1600/minions-b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizWu4xEFBQEpnrnD_qY6TEjlvbolhcGV_hBsCt-jig7kVA2RIzV3SABDvDXGe7tCwatac23pAXHO_CoLvERYbjIyFZQa7btstRqXEIOYT2ZYL6xKAgmE-WehyfSzRAzDuRlSlWP8VBTCog/s320/minions-b.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Eu quero botar meu
blog na nuvem<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Escrever
para mim é uma benção e uma maldição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Sou
erratica por natureza, e minha inspiração não obedece a disciplina alguma que
lhe foi imposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Tentei, por
varias vezes, estabelecer uma rotina de escrever, que invariavelmente resultou
em angustiantes horas diante de uma tela em branco, alternada com visitas ao
Face Book.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Sou acometida
de "surtos literarios" que, sem qualquer aviso se abatem sobre mim.
Acontecem na esteira da academia, numa caminhada na beira da praia. ou
durante alguma conversar desinteressante, o que me faz passar por
biruta, distraída, excêntrica, ou coisa que o valha. Cá com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>meus botões, acho que são detonados por
alguns sentimentos como melancolia ou euforia extrema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">De repente,
é como se um dique se tivesse rompido, e uma enxurrada impiedosa de palavras
jorra e se derrama por todo o meu cerébro, e que por lá permanecem me
assombrando, dia e noite,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>até que eu as
aprisione numa tela branca de computador, onde então se aquietam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Passei um
bom tempo submersa num mar de mesmices, presa num barco chamado rotina, onde,
para qualquer direção que se olhasse, só havia marasmo e mediocridade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Cá estou de
volta, escrevendo como sempre com o coração acelerado, correndo atrás das
minhas ideias soltas, antes que fujam de minha cabeça e voltem para o desterro
do esquecimento, de onde ficarão me assombrando por não tê-las posto a salvo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;">Cá estou
eu, querendo botar meu blog na nuvem da internet, que flutua e que está em
todas as partes, como uma divindade onisapiente, onde paira todo o conhecimento
da raça humana. E por lá, junto com todas as outras ideias lá depositadas,
junto com a genialidade, mediocridade,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>riqueza, miséria, bondade, maldade, engenhosidade, criatividade e tudo o
mais que a humanidade criou, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>minhas
ideias ficarão vagando pelo universo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<br />
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<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
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<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Brevidades</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: 14pt;">À medida que envelhecemos,
vamos nos tornando mais nostálgicos. O passado, por que já passou, se torna
doce. As lembranças nos vêm envoltas nos véus das memórias perdidas.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt;">Minha avó fazia brevidades.
Docinho antigo de outras épocas, de cozinhas com mesas de madeira, fogões
Cosmopolita e geladeiras Frigidaire.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a><span style="font-size: 14.0pt;">Trata-se de um bolinho feito
com polvilho doce, uma versão brasileira de um <i>petit four</i> qualquer, essas
francesices que todos acham chique, certamente inventado por alguém genialmente simples, que
substituiu a farinha pelo que tinha à mão: amido de mandioca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-size: 14.0pt;">O resultado é surpreendente.
Um docinho delicado, que se derrete na boca, tão fugaz quanto o nome que lhe foi dado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-size: 14.0pt;">Achei a receita de minha avó
e assei uma fornada de brevidades, nas forminhas de empadinhas, tal qual ela
fazia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt;">Desenformei e salpiquei
açúcar de confeiteiro. Não resisti e comi uma, ainda quentinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8942452220623009479" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-size: 14.0pt;">Tão breve e tão bom quanto eu
lembrava. Naquele momento a memoria se desfez de seu véu das lembranças esmaecidas e nitidamente me vi sentadinha na
cozinha de minha avó, tão branquinha, lá na Tijuca, comendo brevidades e
matraqueando aquela conversinha inócua das crianças, enquanto lambia os dedos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt;">Uma lágrima fortuita
escorreu. Tratei de enxugar e comi as restantes junto com um cafezinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt;">Breve vida, vida breve, feita
de brevidades. Breves prazeres, quanto mais breves mais intensos, breves
momentos de felicidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Brevidades<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">5 ovos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">2 xícaras de (chá) de açúcar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">3 xíxaras de (chá) de polvilho doce <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">1 colher (chá) de baunilha <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Modo de Fazer</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Bata na batedeira as claras em neve. Junte o
açucar e bata até ficar um merengue brilhante. Diminua a velocidade e junte as
gemas. Desligue a batedeira e junte o polvilho doce, peneirado. Misture bem. Distribua
entre forminhas de empada de cerca de 4cm de diâmetro, untadas e
enfarinhadas. Assar em forno aquecido a
180 o. C até dourarem levemente.<o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-66924428750004935652013-03-11T12:46:00.002-03:002013-03-11T12:46:10.288-03:00<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Yes, Nós temos
gastronomia<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pois é, temos sim. Temos praias maravilhosas, temos sol
o ano inteiro, temos gente bonita nas
ruas se divertindo, temos o Pão de Açúcar, temos o Corcovado, a Pedra da Gávea,
o vôo livre, o calçadão... e também
gastronomia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vamos lá. Faz de conta que somos turistas e que acabamos e
chegar na cidade. O dia, é claro, está maravilhoso. Que tal um café da manhã?
Tem o Bar d”Hôtel, mais chiquezinho( tem tapiocas maravilhosas) com direito a
uma vista maravilhosa da praia em frente, entre outros. Tem o Bistrô da Escola,
mais intimista, famoso pelos seus pães. Tem o café da manhã do café Botânico no
Humaitá, com muffins e bolos deliciosos.
Se estivermos com pressa a melhor opção também é a mais carioca. Paramos numa
casa de sucos e, em pé mesmo,podemos escolher suco de todas as frutas que se
pode imaginar. Todos feitos na hora e bem geladinhos. Para dar substância um
sanduíche feito com pão francês fresquinho e grelhado na chapa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Está na hora de ir para a praia. Se o calor estiver forte, que tal uma água de
coco bem gelada? Para segurar o estômago até o almoço, biscoito Globo. Só tem
aqui. Está sempre fresquinho, é crocante
e têm gosto de...praia do Rio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Depois de um banho, hora do almoço. Vale a pena ir até a
Pedra de Guaratiba, ou quem sabe até a Vargem Grande. Na Pedra , todos os
restaurantes ficam literalmente na praia. De frente para o mar, vendo os
barquinhos de pescadores chegando com seus peixes frescos. Quem quer ser light come
uma saladinha no Celeiro, na Dias Ferreira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quem quiser ficar pela Zona Sul, recomendo um por do sol,
sentado num quiosque da Praia do Leblon. Tem o bar d´Areia, entre o Posto 11 e
o 12( qualquer carioca sabe onde é), onde se toma uma caipirinha maravilhosa
enquanto se assiste o deslumbrante espetáculo que a natureza nos oferece, todos
os dias. Nessa hora a gente agradece a Deus por estar no Rio, e bate palmas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Anoiteceu. Agora é que a coisa esquenta. Quer pizza? Tem a
Bráz, a Excelenza, a Capricciosa... Quem sabe cozinha baiana? Tem o Siri-mole
onde a Isis pontifica com suas moquecas. Cozinha francesa? Tem a CT Brasserie,
o Chez l’Amie Martin, o Lorenzo, entre outros. Cozinha japonesa. O Azumi e o
Sushi Leblon são endereços certos. Vamos lá! Cozinha italiana. O Alloro e o Gero servem o melhor da cozinha italiana.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas se preferirem um
lugar para curtir, beber alguns drinks e
beliscar, o Rio é o paraíso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Só para dar um gostinho da noite carioca. Aqui a gente tem a “ pré-night” ( antes da
noitada). Nesse caso, tem o Bar da Praia, um point que é a cara do Rio. Tem
sushis, drinks maravilhosos e um atendimento nota 10.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para uma galera mais descolada, tem o Bar do Lado. Além dos
drinks tem comidinhas, como o risoto de bobó, que já virou o carro-chefe. A
calçada lota! Como assim? Pois é, carioca gosta de ficar ao ar livre, curtir o
céu e a rua! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tem o Informal, o Devassa,
o Veloso, o Barzin...a lista é quase infinita. Todos com petiscos e belisquetes
que são a cara do Rio. Vale citar o Chico e Alaíde que têm um bolinho de aipim
de comer de joelhos e os sanduiches do Cervantes. E o Aconchego Carioca? Tem um
bolinho de feijoada que não dá para esquecer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quer mais? É só pegar o bondinho e subir para Santa Tereza!
Lá a gente tem desde o Thèrése, cozinha francesa e vista fantástica, até o
Espírito Santa,com cozinha brasileira e vista fantástica. Aliás, vista
fantástica no Rio é pleonasmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No Rio tem! Tem gastronomia sim! No Rio tem! Tem o espírito
carioca! Tem um jeito único de ser e de
viver! No Rio tem! Tem sol, tem praia e curtição!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A gente não consegue deixar de amar o Rio!!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-18952510707524310462012-02-20T19:33:00.000-02:002012-02-20T19:33:30.411-02:00Viver melhor. É tão simples....Segunda-feira, sete horas da manhã. O café da manhã é engolido apressadamente, em pé, ao lado da mesa. No caminho para o trabalho, o trânsito intenso aumenta a ansiedade quanto ao atraso. Ao longo do dia, uma seqüência interminável de telefonemas, problemas, prazos a serem cumpridos, decisões a serem tomadas. Pausa para o almoço. Quando há mais tempo, almoça-se num desses restaurantes a quilo (é mais barato, e alguns são razoáveis). Entra-se na fila e arrebanha-se um pouco de cada prato, aqui e ali, segundo o capricho do momento, sem preocupação com o que se está misturando. Temos então extravagantes combinações de quibes com lasanhas, ao lado de porções generosas de arroz com feijão, com alguns bolinhos de aparência e sabor indefinidos, coroando o prato. Às vezes não dá tempo, e então come-se um sanduíche em pé. À noite, já em casa, o jantar é engolido automaticamente, diante da tela da televisão, ou então, diante do computador. E ainda faltam quatro dias para o próximo fim de semana, e , provavelmente, alguns meses para as próximas férias.<br />
A rotina descrita é, com certeza, a da maioria das pessoas que conhecemos. Para a conseguir a realização de alguns sonhos de consumo, para usufruir alguns dias de férias, ou simplesmente para manter o nosso padrão de vida, sacrificamos nosso dia a dia, e pagamos um preço muitas vezes caro demais – a saúde – e recebemos o troco na forma de estresse, desânimo e infelicidade. <br />
Quem não se lembra das refeições feitas em família, nas casas de nossos pais e avós, quando todos nos sentávamos à mesa para usufruir de um almoço ou jantar, diante de uma mesa repleta de nossos pratos favoritos? Para melhorar nosso dia a dia, precisamos aumentar nosso nível de satisfação em relação à rotina a qual devemos obedecer. <br />
Nós nos esquecemos de como aproveitar melhor a hora das refeições .<br />
Por que não podemos criar para nós intervalos agradáveis em nossa vida diária, de forma a minimizar os efeitos da rotina, ao mesmo tempo monótona e estressante, e garantir alguns bons momentos que contribuirão para tornar nosso dia a dia não apenas suportável?<br />
Pequenos rituais que antecedem uma refeição podem ser parte destes momentos.<br />
O preparo das receitas pode ser acompanhado de uma música suave. A mesa bem posta, a comida simples, porém perfumada e bem apresentada. Um copo de vinho para realçar ainda mais o sabor dos alimentos. Detalhes banais que fazem a diferença.<br />
Ao contrário do que parece, não se trata de estabelecer novas tarefas para quem chega exausto do trabalho, e sim, transforma-las em satisfação. Viver melhor pressupõe que possamos usufruir os pequenos prazeres do dia a dia, que podem ser um sorvete depois de uma refeição num dia de calor, um banho quente num dia frio, enfim, qualquer ato que nos proporcione momentos agradáveis. Viver melhor é quando conseguimos valorizar e buscar esses momentos.<br />
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</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-81102063322774339452011-08-04T22:00:00.000-03:002011-08-04T22:00:54.811-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoUA3Dl0Kbpcpb_1kelSxd5RswaFK6CahTNCuB6jBPUAJCSoZnkh_EJsO0hxexYA803Jwwshz-AQaiXrlOLYelwHbegQ0ncZLeHHKCJ0GZCtjtzGaKZROyEwwLdf5WA8vuiELzf7eaJfX7/s1600/2009_09_30_CASA+COR_43_DHANI+B.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoUA3Dl0Kbpcpb_1kelSxd5RswaFK6CahTNCuB6jBPUAJCSoZnkh_EJsO0hxexYA803Jwwshz-AQaiXrlOLYelwHbegQ0ncZLeHHKCJ0GZCtjtzGaKZROyEwwLdf5WA8vuiELzf7eaJfX7/s320/2009_09_30_CASA+COR_43_DHANI+B.jpg" width="255" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal">Um dos melhores programas no dia a dia é reunir pessoas amigas em torno de uma boa mesa.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Primeiro se convida os amigos. Aquele amigo que casou há pouco, outro que voltou de viagem, pessoas de quem você gosta e que são divertidas.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Depois vem a escolha do cardápio. A gente pensa nos convidados e nas eventuais preferências de cada um. Vem, então, um prazer antecipado ao se imaginar a reação das pessoas diante da comida a ser servida.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Durante as compras no mercado a descoberta de um legume ou outro ingrediente da estação maravilhoso dá uma nova idéia para o cardápio. Impossível resistir.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">A escolha do vinho é outro capítulo. Tem que ser generoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e macio como um veludo.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Já em casa, com uma seleção de nossas músicas prediletas rolando no Ipod, começamos a cozinhar.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Aos primeiros aromas nossos sentidos se aguçam na expectativa de novas e deliciosas sensações. A primeira garrafa de vinho é aberta e tomamos o primeiro copo.<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">As pessoas chegam e sentem os perfumes que se espalham pela casa. <o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Em torno da mesa a antecipação se sobrepõe a todas as outras sensações.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A conversa animada dá lugar a um silêncio, seguido de alguns murmúrios e comentários, a medida que os pratos se esvaziam. A conversa se restabelece e é pródiga em risos. <o:p></o:p></div><div class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vem então a recompensa suprema para o cozinheiro. O sorriso de absoluta satisfação dos convidados e os pratos vazios. <o:p></o:p></div><div class="MsoNormal">Pois cozinhar é um ato de generosidade, onde você soma ingredientes, multiplica esforços, para então compartilhar o resultado com as pessoas, em torno de uma mesa.</div><div class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;">Abaixo uma receitinha simples que vai contribuir para o seu sucesso:</span></div><div class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-bidi-font-size: 7.0pt; text-transform: uppercase;">salada de arroz preto e Camarões grelhados</span></b></div><div class="MsoHeader" style="tab-stops: 35.4pt;"><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-bidi-font-size: 7.0pt;">Rendimento: 10 porções<o:p></o:p></span></div><div class="MsoHeader" style="tab-stops: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoHeader" style="tab-stops: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-bidi-font-size: 7.0pt;">Arroz preto<o:p></o:p></span></b></div><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">0,250Kg de arroz preto<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">1,5 l Caldo de legume<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">1 folha de louro<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">sal<o:p></o:p></span></li>
</ul><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Ferva o caldo, tempere com sal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Junte o arroz preto e cozinhe até ficar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">al dente</i>. Descarte a folha de louro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Escorra e resfrie rapidamente passando por água gelada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small;"><b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif;"><br />
</span></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: small;"><b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif;">Camarões grelhados</span></b></span><o:p><b> </b></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p><br />
</o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p>20 camarões médios sem casca com o rabo</o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p>Sal e pimenta a gosto</o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p>azeite para grelhar</o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p><br />
</o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p>Tempere os camarões e grelhe rapidamente, deixando-os ainda crocantes, Reserve-os refrigerados. </o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="font-family: "Maiandra GD","sans-serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p><br />
</o:p></span></div><div class="MsoHeader" style="tab-stops: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-bidi-font-size: 7.0pt;">Salada de arroz preto<o:p></o:p></span></b></div><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">0,500kg arroz preto cozido<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">5 tomates em brunoise<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">2 pimentões amarelo sem casca, em brunoise<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">1 cebola em brunoise<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">1 maço de ciboulette picada</span></li>
<li class="MsoNormal" style="mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">folhas de rúcula</span></li>
</ul><span class="Apple-style-span" style="font-family: Tahoma, sans-serif;"><b>Vinagrete de pitanga</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc"><li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">60g de polpa de pitanga<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">açúcar</span></li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">pimenta do reino<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">50ml vinagre de vinho branco<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">150ml azeite extra virgem</span></li>
</ul><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Faça no liquidificador um vinagrete usando vinagre de vinho branco, polpa de pitanga, uma pitada de açucar, sal e pimenta e o azeite.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Misture o arroz com as brunoises de tomate, cebola, pimentão amarelo e ciboulette.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Tempere com sal e a vinagrete.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Tahoma, sans-serif;">Monte a salada colocando uma colher de arroz negro temperado no centro do prato. Coloque 2 camarões por cima, enfeite com a rúcula e disponha um pouco do vinagrete em volta.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8942452220623009479.post-6298826208709731442011-07-22T11:50:00.001-03:002011-07-22T16:14:23.649-03:00perfil de uma cozinheiraMinha infância foi cercada de gastronomia literária, ou seria poesia gastronômica?<br />Mais tarde, enveredei pela química, mas os aromas de laboratório me desagradavam e a abandonei. Busquei depois a administração na tentativa vã de organizar minhas idéias e sentimentos tresloucados, de projetos mirabolantes que jamais se concretizaram.<br />Durante os anos em que transitei por diferentes escritórios, tão cinzentos quanto suas rotinas, cheios de pessoas cujos rostos me pareciam tão iguais, quando um por do sol nada mais era do que uma vaga noção, cozinhar era a forma de me abstrair e de me consolar.<br />Finalmente, após anos de prisão voluntária, consegui me libertar de minha sombria carreira administrativa e pude permanecer junto ao calor de meu fogão.<br />Iniciou-se então minha entrada na profissão de cozinheira.<br />Devo confessar que não começou lá muito bem. Houve um sinistro episódio relativo a uma malfadada encomenda de 300 bolinhos vermelhos em forma de coração...<br />Bem, isto é uma longa história que fica para depois.<br />Neste instante preciso fazer um pequeno aparte para elucidar a origem de meu conhecimento culinário. Assim como tantos que perseguem um objetivo sem dispor dos meios para abreviar o caminho, aprendi com o método empírico que a vida nos ensina. Fazendo e refazendo, até dominar a rebeldia das claras em neve, e penetrar nos obscuros mistérios por trás do crescimento dos suflês. Muito me valeram, então, meus conhecimentos de química enquanto me perdia nos vapores da alquimia gastronômica. Embora eu tenha um lado "perua", muitas vezes suspirei diante de vitrines cheias de assessórios e brilhos, trocados por livros e pelo brilho de panelas e outros utensílios. Foram muitos anos de descobertas, fruto de infinitas tentativas. É claro que não cozinhava para mim, porém para Rodrigo, objeto de minha maior afeição, incentivador, crítico implacável e cobaia temerária de minhas experiências.<br /><br />Bem, comecei a fazer pequenos jantares e a fazer doces e tortas, por encomenda. Em pouco tempo, várias pessoas vieram a mim pedindo que desse aulas, e mais e mais pediam jantares.<br />Fui proprietária e chefe da cozinha de um pequenino bistrô perdido na Barra. Por 10 anos desbravei os sertões culinários daquela região, onde os clientes vinham de longe, conhecer minha cozinha. Lá conheci clientes que se tornaram amigos, fui festejada e festejei a alegria de compartilhar bons momentos com todos que por lá passaram.<br />Daquela época para cá, minha vida transformou-se numa sucessão de eventos que me trouxeram até onde hoje estou.<br />Quando olho para trás, vejo um desfile interminável de rostos sorridentes, ouço o murmurinho das conversas, e o barulho dos copos e pratos servidos, e penso em todas as noites em que trabalhei até tarde, nos pés cansados e costas doídas e não me arrependo nem um pouco. Ao contrário: me vem ao peito uma sensação eufôrica de dever cumprido, e mais vontade de seguir em frente.<br /><br />Quanto ao resto:<br />Minha cor predileta: azul<br />Minha Pasta de dente: a que comprarem<br />Hobby: Leitura e cozinhar<br />Livro de cabeceira: Livros de receita e Cem Anos de Solidão<br />Música: Rock, acid jazz e no momento Tango<br />Bebida predileta; Vinhos, brancos e tintos. ( Champagne, é claro)<br />Comida predileta: farofa<br />Ingrediente predileto: sal<br />O que levaria para uma ilha deserta: O manual de escoteiros dos sobrinhos do Donald e protetor solar.<br />O que deixaria lá: Os meus fracassos<br />Maior defeito: teimosia<br />Maior qualidade: perseverança<br /><br />PS: Se o que escrevi a meu respeito não é suficiente, posso me resumir na seguinte frase: Nada mais sou do que uma cozinheira sonhadora.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14408546262771765581noreply@blogger.com0