Se Você Fosse Um Vinho?
Gosto de vinhos. Desde pequenina. Sempre que havia um almoço na minha casa, meu pai me dava um pouco, misturado com água e um pouquinho de açúcar. Eu me lembro nitidamente da sensação agradável que me vinha ( provavelmente o álcool).
No entanto, passaram-se muitos anos antes de voltar a apreciar a bebida.
Ao ingressar no mundo da gastronomia, comecei a aprender sobre essa fantástica descoberta do homem. E quanto mais aprendo, mais vejo que menos sei e mais o assunto me fascina.
Provavelmente a bebida alcóolica mais antiga da humanidade ( há uma disputa entre o vinho e a cerveja e, recentemente fala-se em hidromel), o vinho é uma dádiva da natureza. Os primeiros vinhos foram provenientes da fermentação natural das uvas caídas no chão. Por serendipidade, alguém, há milhares de anos atrás, teve a feliz ideia de provar as uvas fermentadas e tomar o primeiro porre da humanidade. Algum tempo depois, outro alguém de nossa engenhosa espécie resolveu dar uma mãozinha à natureza e criou o primeiro processo de vinificação.
Os vinhos, assim como nós, possuem vida, caráter e personalidade. Eles nos encantam, nos surpreendem e, algumas vezes, nos decepcionam. E, assim como nós, são únicos.
E cada um tem um destino e uma missão a cumprir. E um jeito de ser. Comparo as pessoas às diferentes variedades de vinhos.
Provavelmente seu vinho predileto tem a ver com o tipo de pessoa que você é. Vamos lá. Alguns exemplos.
Há aqueles que são como os Cabernets de Bordeaux. Elegantes, cultos, refinados, tradicionais, frequentam os ambientes mais sofisticados e jamais perdem a dignidade.
As pessoas Pinot Noir da Borgonha são glamorosas, sexy, frequentam os lugares badalados, são trendies, descoladas.
Já o tipo Merlot é discreto, aparentemente frágil, mas que esconde uma grande força interior e que seduz de forma lenta, porém irreversível. Seu charme só pode ser percebido por aqueles com espíritos superiores. Um bom Merlot jamais se esquece.
Há os Malbec Novo Mundo, estilo pitbull, que chegam arrasando, porém são absolutamente desprovidos de conteúdo e enjoam logo depois do primeiro copo. A convivência com eles nos deixa exaustos.
E há os assemblage, que misturam Syrah, Malbec, Cabernet Franc e eventualmente Merlot e outras mais. São extremamente confusos, complicados, nos fazem pisar em ovos e nos deixam sem entender o que está acontecendo.
Não podemos esquecer dos italianos Sangiovese, francos, alegres, vivos, amigos, bons parceiros para uma noitada, para se rir e curtir a vida.
E há, claro, os neuróticos Carménère , impacientes, impulsivos, que não tem tempo para esperar, sempre ansiosos, e que não conseguem ouvir uma frase completa e escutar o que você tem a dizer.
E tem mais, muito mais! Eu nem falei nos branquinhos básicos. São milhares de variedades! São milhões de combinações! Há um vinho para cada um de nós, que satisfaz nossas indiossincrasias.
Se eu fosse um vinho eu certamente seria... Hum... não conto.
E você? Que vinho você seria?
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