quinta-feira, 21 de maio de 2015

Brevidades





Brevidades
À medida que envelhecemos, vamos nos tornando mais nostálgicos. O passado, por que já passou, se torna doce. As lembranças nos vêm envoltas nos véus das memórias perdidas.
Minha avó fazia brevidades. Docinho antigo de outras épocas, de cozinhas com mesas de madeira, fogões Cosmopolita e geladeiras Frigidaire.
Trata-se de um bolinho feito com polvilho doce, uma versão brasileira de um petit four qualquer, essas francesices que todos acham chique, certamente inventado  por alguém genialmente simples, que substituiu a farinha pelo que tinha à mão: amido de mandioca.
O resultado é surpreendente. Um docinho delicado, que se derrete na boca, tão fugaz quanto o nome que  lhe foi dado.
Achei a receita de minha avó e assei uma fornada de brevidades, nas forminhas de empadinhas, tal qual ela fazia.
Desenformei e salpiquei açúcar de confeiteiro. Não resisti e comi uma, ainda quentinha.
Tão breve e tão bom quanto eu lembrava. Naquele momento a memoria se desfez de seu véu das lembranças  esmaecidas e nitidamente me vi sentadinha na cozinha de minha avó, tão branquinha, lá na Tijuca, comendo brevidades e matraqueando aquela conversinha inócua das crianças, enquanto lambia os dedos.
Uma lágrima fortuita escorreu. Tratei de enxugar e comi as restantes junto com um cafezinho.
Breve vida, vida breve, feita de brevidades. Breves prazeres, quanto mais breves mais intensos, breves momentos de felicidade.

Brevidades
5 ovos
2 xícaras de (chá) de açúcar
3 xíxaras de (chá) de polvilho doce 
1 colher (chá) de baunilha 

Modo de Fazer
Bata na batedeira as claras em neve. Junte o açucar e bata até ficar um merengue brilhante. Diminua a velocidade e junte as gemas. Desligue a batedeira e junte o polvilho doce, peneirado. Misture bem. Distribua entre forminhas de empada de cerca de 4cm de diâmetro, untadas e enfarinhadas.  Assar em forno aquecido a 180 o. C até dourarem levemente.

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