Brevidades
À medida que envelhecemos,
vamos nos tornando mais nostálgicos. O passado, por que já passou, se torna
doce. As lembranças nos vêm envoltas nos véus das memórias perdidas.
Minha avó fazia brevidades.
Docinho antigo de outras épocas, de cozinhas com mesas de madeira, fogões
Cosmopolita e geladeiras Frigidaire.
Trata-se de um bolinho feito
com polvilho doce, uma versão brasileira de um petit four qualquer, essas
francesices que todos acham chique, certamente inventado por alguém genialmente simples, que
substituiu a farinha pelo que tinha à mão: amido de mandioca.
O resultado é surpreendente.
Um docinho delicado, que se derrete na boca, tão fugaz quanto o nome que lhe foi dado.
Achei a receita de minha avó
e assei uma fornada de brevidades, nas forminhas de empadinhas, tal qual ela
fazia.
Desenformei e salpiquei
açúcar de confeiteiro. Não resisti e comi uma, ainda quentinha.
Tão breve e tão bom quanto eu
lembrava. Naquele momento a memoria se desfez de seu véu das lembranças esmaecidas e nitidamente me vi sentadinha na
cozinha de minha avó, tão branquinha, lá na Tijuca, comendo brevidades e
matraqueando aquela conversinha inócua das crianças, enquanto lambia os dedos.
Uma lágrima fortuita
escorreu. Tratei de enxugar e comi as restantes junto com um cafezinho.
Breve vida, vida breve, feita
de brevidades. Breves prazeres, quanto mais breves mais intensos, breves
momentos de felicidade.
Brevidades
5 ovos
2 xícaras de (chá) de açúcar
3 xíxaras de (chá) de polvilho doce
1 colher (chá) de baunilha
Modo de Fazer
Bata na batedeira as claras em neve. Junte o
açucar e bata até ficar um merengue brilhante. Diminua a velocidade e junte as
gemas. Desligue a batedeira e junte o polvilho doce, peneirado. Misture bem. Distribua
entre forminhas de empada de cerca de 4cm de diâmetro, untadas e
enfarinhadas. Assar em forno aquecido a
180 o. C até dourarem levemente.
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