Segunda-feira, sete horas da manhã. O café da manhã é engolido apressadamente, em pé, ao lado da mesa. No caminho para o trabalho, o trânsito intenso . Ao longo do dia, uma seqüência interminável de telefonemas, problemas, prazos a serem cumpridos, decisões a serem tomadas. Pausa para o almoço. Quando há mais tempo, almoça-se num desses restaurantes a quilo (é mais barato, e alguns são razoáveis). Entra-se na fila e arrebanha-se um pouco de cada prato, aqui e ali, segundo o capricho do momento, sem preocupação com o que se está misturando. Temos então extravagantes combinações de quibes com lasanhas, ao lado de porções generosas de arroz com feijão, com alguns bolinhos de aparência e sabor indefinidos, coroando o prato. Às vezes não dá tempo, e então come-se um sanduíche em pé. À noite, já em casa, o jantar é engolido automaticamente, diante da tela da televisão, enquanto diante de si desfilam cenas de assaltos, seqüestros, corrupção, etc., mostradas pelo telejornal. E ainda faltam quatro dias para o próximo fim de semana, e , provavelmente, alguns meses para as próximas férias.
A rotina descrita é, com certeza, a da maioria das pessoas que conhecemos. Para conseguir a realização de alguns sonhos de consumo, para usufruir alguns dias de férias, ou simplesmente para manter o nosso padrão de vida, sacrificamos nosso dia a dia, e pagamos um preço muitas vezes caro demais – a saúde – e recebemos o troco na forma de estresse, desânimo e infelicidade.
Quem não se lembra das refeições feitas em família, nas casas de nossos pais e avós, quando todos nos sentávamos à mesa para usufruir de um almoço ou jantar, diante de uma mesa repleta de nossos pratos favoritos?
É bem verdade que os tempos atuais já não permitem manter tais hábitos. A falta de tempo, a escassez da mão-de-obra doméstica e fatores econômicos contribuíram para o quase desaparecimento das refeições familiares, onde pontificavam a abundância e variedade de alimentos, e um clima familiar transformava as refeições em ocasiões especiais.
Para melhorarmos nosso dia a dia, precisamos aumentar nosso nível de satisfação em relação à rotina a qual devemos obedecer.
Nós nos esquecemos de como aproveitar melhor a hora das refeições .
Por que não podemos criar para nós intervalos agradáveis em nossa vida diária, de forma a minimizar os efeitos da rotina, ao mesmo tempo monótona e estressante, e garantir alguns bons momentos que podem contribuir para tornar nosso dia a dia não apenas suportável?
Pequenos rituais que antecedem uma refeição podem ser parte destes momentos.
O preparo das receitas pode ser acompanhado de uma música suave. A mesa bem posta, a comida simples, porém perfumada e bem apresentada. Um copo de vinho para realçar ainda mais o sabor dos alimentos. Detalhes banais que fazem a diferença.
Ao contrário do que parece, não se trata de estabelecer novas tarefas para quem chega exausto do trabalho, e sim, transforma-las em satisfação. Viver melhor pressupõe que possamos usufruir os pequenos prazeres do dia a dia, que podem ser um sorvete depois de uma refeição num dia de calor, um banho quente num dia frio, enfim, qualquer ato que nos proporcione momentos agradáveis. Viver melhor é quando conseguimos valorizar e buscar esses momentos.
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